Vereadores descartam reduzir salários na pandemia e ainda mantêm reajuste de 26%

Vereadores vão ser obrigados a discutir proposta que reduz salários em 30%, apesar de não acharem necessário (Foto: Divulgação)

Os vereadores de Campo Grande descartam seguir o exemplo do prefeito Marquinhos Trad (PSD), que reduziu o próprio salário e os subsídios da vice-prefeita, Adriane Lopes (Patri) e dos secretários em 30% durante a pandemia do coronavírus. Apesar do colapso na economia e nas finanças públicas, a Câmara Municipal mantém o reajuste de 26% no subsídio do vereador da Capital, que passará de R$ 15.031 para R$ 18.891 a partir de fevereiro de 2021.

Habilidosos na política, os parlamentares aprovaram o reajuste de 26,3% em dezembro de 2018, com dois anos de antecedência para evitar o desgaste durante o ano eleitoral. Como a pandemia reduziu drasticamente a arrecadação de tributos, o poder público terá muita dificuldade para manter o aumento expressivo nos vencimentos dos parlamentares campo-grandenses.

Sensibilizado com a queda brusca na arrecadação, Marquinhos decidiu reduzir o próprio salário em 30% por três meses. A medida atingirá a vice-prefeita e os secretários municipais. Já os ocupantes de cargos em comissão terão o valor da gratificação do cargo ou da função de confiança reduzido na mesma proporção.

Na quarta-feira (15), durante live sobre o trabalho realizado pela Câmara Municipal durante a pandemia, o vereador Eduardo Romero (Rede) descartou seguir o exemplo do prefeito. Ao responder questionamento da TV Morena, ele disse que os vereadores só podem mexer no salário para a próxima legislatura.

Ao contrário dos vereadores, o prefeito da Capital não teve reajuste aprovado para o próximo mandato. O reajuste aprovado para Marquinhos seria de 4,17%, mas acabou sendo suspenso pela Justiça no início do ano. Ou seja, além de não ter sido beneficiado pelo aumento, o prefeito ainda terá redução de 30% no vencimento.

Romero tentou justificar a manutenção do salário dos vereadores. Ele explicou que os parlamentares estão ajudando a população com doações de alimentos e comprando medicamentos. Conforme o parlamentar da Rede, as ações ocorrem sem publicidade e podem representar até mais de 30% nos salários.

Ao Midiamax, o líder do prefeito na Câmara, Chiquinho Telles (PSD), foi na mesma linha. “Eu, particularmente, tenho atendido diversas famílias com alimentos e outros atendimentos, como sempre fiz. Não podemos ficar usando essas ações para se promover em cima de uma situação tão triste”, afirmou o parlamentar, que sempre faz sorteio de cesta básica no programa de rádio.

Telles garantiu que atende mais de 50 famílias na região das Moreninhas. “Sempre gasto mais da metade do meu salário em atendimento. Mas nesse momento temos que fazer”, destacou.

Em live, vereador destaca devolução de R$ 7 milhões em 2019 e ações sem publicidade por parte dos parlamentares

O vereador Junior Longo (PSDB) citou a criação do fundo para receber recursos contra o coronavírus e a comissão para arrecadar cesta básica. “Já dou boa parte do meu salário e não fico divulgando, porém tem gente que quer fazer politicagem com o tema”, lamentou o tucano.

Os vereadores vão ser obrigados a mostrar, de fato, sensibilidade com a crise econômica enfrentada por Campo Grande. Para desgosto de alguns colegas, Vinicius Siqueira (PSL) apresentou projeto para reduzir em 30% os salários dos 29 vereadores de Campo Grande. Com a proposta, o valor poderá cair de R$ 15.031 para R$ 10.521,70.

Vereadores do interior já ouviram a indignação popular e se mostraram “sensíveis” com a pandemia, que já atingiu 2,1 milhões de pessoas no mundo. Houve recuou no reajuste nos salários dos legislativos de Jardim, Amambai e São Gabriel do Oeste.

Agora é a vez dos vereadores de Campo Grande, que aprovaram o reajuste de 26,3% em dezembro de 2018, a desistir do reajuste fora.

Um dos argumentos usados pela Câmara para não discutir a redução de salário é que devolveu R$ 7 milhões do duodécimo para a Prefeitura de Campo Grande em 2019. Este é o problema, com o colapso da economia e a falta de dinheiro para enfrentar a pandemia, a população não poderá esperar até o fim do ano para receber os restos do duodécimo. O parlamento precisa ser mais ativo para colaborar com a sociedade.

A Câmara conseguiu intermediar algumas ações. Dr. Lívio (PSDB) obteve a doação pela Receita Federal do Brasil de 170 telefones celulares para a Secretaria Municipal de Saúde. Betinho (Republicanos) conseguiu fones de ouvido para ampliar o atendimento no tele atendimento do Disque Coronavírus.

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