Retomada das obras da UFN3 deve ser anunciada uma década após paralisação

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, chega a Mato Grosso do Sul nesta sexta-feira para visitar a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3) em Três Lagoas – Foto: Reprodução

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, chega a Mato Grosso do Sul nesta sexta-feira para visitar a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3) em Três Lagoas.

A visita de Prates deve colocar prazo para o fim da novela que já dura uma década: a conclusão da obra da fábrica.

A agenda foi confirmada pela estatal para a manhã desta sexta-feira, às 9h30 (horário de MS) e contará com a presença do governador Eduardo Riedel (PSDB), da ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e do prefeito da cidade de Três Lagoas,  Ângelo Guerreiro (PSDB).

A ativação da indústria é um elemento estratégico para a redução da dependência de fertilizantes nitrogenados do País. Mas para começar a produzir, a obra, que foi paralisada em 2014, precisa ser retomada.

Há pouco mais de uma semana, o presidente da estatal afirmou que o processo licitatório para reinício das obras deve ser iniciado em dezembro deste ano, exatamente uma década após o embargo da obra. Seguindo essa lógica, a unidade deve começar a operar apenas em 2028.

“Estamos acompanhando o assunto com a ministra Simone Tebet e temos a previsão que a licitação ocorra no final de ano”, confirmou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck na semana passada.

O Correio do Estado já havia adiantado, em 24 de fevereiro, que Prates viria a Mato Grosso do Sul ainda em abril.

A reportagem questionou o dirigente sobre a conclusão da indústria em evento no Rio de Janeiro (RJ), e ele disse:

“Nós estamos articulando formas de isso ser agilizado, de terminarmos essa planta e ela começar a produzir. Ela vai ser feita e vai voltar a operar, e nós vamos [a Mato Grosso do Sul] em abril. Vamos lá visitar e vamos anunciar algumas coisas legais”, disse Prates na ocasião.

De fevereiro para cá, porém, o presidente da Petrobras enfrentou uma crise envolvendo o possível pagamento de dividendos extraordinários pela estatal para administrar.

Até mesmo sua saída do comando da empresa chegou a ser noticiada pela imprensa nas últimas semanas, algo que não ocorreu.

Para que a construção da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas seja retomada, porém, não basta uma decisão unilateral de Prates, ou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

É preciso a aprovação do Conselho de Administração da estatal, o mesmo que se dividiu sobre o pagamento de dividendos extras aos acionistas.

A disputa maior em torno da estatal, tem sido em torno da aplicação de recursos excedentes da estatal para investimentos ou para distribuição para acionistas.

INDÚSTRIA

Quando a indústria de fertilizantes teve as obras paralisadas, sua estrutura estava cerca de 81% concluída. Prates acredita que há muito mais por fazer, do que apontam as estatísticas da época da paralisação da unidade.

“Uma obra dessa tem de ‘estar viva o tempo todo’, é como um carro antigo. Na verdade, é uns 80% que deve cair para 70%”, comentou.

A fábrica de Três Lagoas deve receber aporte de R$ 5 bilhões (US$ 1 bilhão) para sua conclusão. Conforme representantes da gestão estadual, a estrutura tem sido conservada pela Petrobras e os recursos servirão para concluir as obras.

Quando estiver concluída, a fábrica terá capacidade para produzir 3.600 toneladas de ureia e 2.200 toneladas de amônia por dia.

Conforme já adiantado pelo Correio do Estado, a unidade fabril tem capacidade para reduzir em até 30% a dependência da importação de adubos nitrogenados do País.

“[A UFN3] vai ampliar o consumo de gás natural em 2,3 milhões de metros cúbicos por dia e com isso, MS vai contribuir para ampliar a oferta de fertilizantes no País. Isso sinaliza também a necessidade de nós equacionarmos a questão do fornecimento de gás no prazo de dois anos”, finalizou o secretário Jaime Verruck.

HISTÓRICO

A UFN3 começou a ser construída em 2011 e teve as obras paralisadas em 2014, após integrantes do consórcio estarem envolvidos em denúncias de corrupção. Na época, a estrutura da indústria estava cerca de 81% concluída.

O processo de venda da UFN3 iniciou-se em 2018 e incluía a Araucária Nitrogenados (Ansa), fábrica localizada em Curitiba (PR). A comercialização em conjunto inviabilizou a concretização do negócio.

No ano seguinte, a gigante russa de fertilizantes Acron havia fechado acordo para a compra da unidade. O principal motivo para que o contrato não fosse firmado, na época, foi a crise boliviana, que culminou na queda do ex-presidente Evo Morales.

Em fevereiro de 2020, a Petrobras lançou nova oportunidade de venda da UFN3. As tratativas só foram retomadas no início do ano passado, com o mesmo grupo russo.

No dia 28 de abril de 2022, a petrolífera anunciou, em comunicado ao mercado, que a transação de venda da fábrica para o grupo Acron não havia sido concluída.

Ainda em 2022, a Petrobras relançou a venda da fábrica ao mercado no mês de junho.

Em 24 de janeiro de 2023, a estatal anunciou o fim do processo de comercialização da indústria

correio do estado

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