Por que os produtores brasileiros não estão vendendo soja 2021/22?

A comercialização da safra 2021/22 de soja do Brasil mostra um ritmo bem mais contido do que o observado há um ano, quando mais de 40% da oleaginosa nacional já havia sido comprometida com vendas e a uma média de preços mais modesta do que esta que tem sido registrada para o início desta nova temporada.

E mesmo diante destes bons indicativos – que deram espaço, inclusive, para boas relações de troca, os sojicultores seguem reticentes, até mesmo frente aos altos custos de produção, que exigem estratégias eficientes e conscientes para que os produtores possam otimizar seus resultados.

A consultoria Safras & Mercado estima a nova safra de soja do Brasil em 142,236 milhões de toneladas, eum uma área que pode alcançar 39,820 milhões de hectares. Deste volume projetado, 23,7% já foi comercializado, contra 43,3% de 2020 e 20,6 da média das últimas cinco safras.

Para Luiz Fernando Gutierrez, analista de mercado da consultoria, os preços da safra velha e nova estão semelhantes, o que daria espaço ao produtor para avançar um pouco mais com suas vendas. “Sabemos que o custo subiu, mas os preços são remuneradores, as margens ainda estão boas com estes preços que temos hoje”, diz.

Parte deste comportamento se deve ainda ao receio do produtor em participar do mercado e ele se tornar tão agressivo em 2022 como aconteceu em 2021. “Temos isso e a visão fundamentalista de escassez do grão”, explica Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios, que aponta que este, depois dos últimos acontecimentos, é um comportamento natural do setor diante dos atual cenário.

“Nós aqui na Pátria acreditamos que 2022 será de um mercado muito promissor para a soja. Não só a escassez do grão permanece para a balança de oferta e demanda para o ano que vem, mas temos também esse forte viés de altas cambiais aqui no Brasil com todas essas complicações políticas frente a eleições em 2022, que deve ser bastante conflituosa e que pode gerar bastante receio, principalmente para o investidor internacional que tenta olhar para o Brasil como uma forma de investimento”, explica.

Em contrapartida, Pereira afirma ainda que o produtor que opta por segurar um pouco mais suas vendas da safra nova precisa estar consciente, principalmente, sobre a necessidade de ter uma receita saudável para chegar na temporada 2022/23 sabendo que os custos, que já subiram forte para esta nova safra que se inicia em pouco mais de um mês, “serão exorbitantemente altos”.

O diretor da Pátria destaca a elevação dos custos de importação e distribuição de fertilizantes e químicos, além de outras frentes.

“E esse é recado especialmente para aqueles produtores que deixaram para fazer aquisição de seus insumos na boca de plantio. È necessário muita cautela e uma assessoria qualificada para direcioná-los e orientá-los, dando segurança ao produtor rural”, afirma. E o especialista ainda lembra o produtor da necessidade das proteções finananceiras.

A estimativa da consultoria é de uma colheita de 144,77 milhões de toneladas, com produtividade média de 59,06 sacas por hectare, rendimento 0,8% menor do que o da safra 2020/21. Por outro lado, a Pátria estima um aumento de área de 6,7% na comparação anual, onde o cultivo da oleaginosa poderia alcançar os 40,85 milhões de hectares.

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