OPAS/OMS visitam MS e conhecem estrutura do Lacen e Projeto Wolbachia

Apresentar o atual cenário de Mato Grosso do Sul em relação ao coronavírus, assim como a atual estrutura e plano de ação do Governo de MS. Foi com este objetivo que o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, reuniu-se, neste sábado (13.06), com os especialistas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde.

Durante a reunião, Resende elencou as principais iniciativas adotadas, desde antes dos primeiros casos confirmados, para combate da pandemia em Mato Grosso do Sul. “A primeira medida foi a implantação do Centro de Operações de Emergências, que é o COE/MS. Além disso, instauramos o drive thru, nos municípios de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá, intensificando a testagem no Estado. Também elevamos e, junto ao Ministério da Saúde habilitamos, novos leitos clínicos e de UTI em diversos municípios para assim atuar no tratamento da covid-19”, ressaltou Resende.

Participaram do encontro, a secretária-adjunta, Christine Maymone; o coronel do Corpo de Bombeiros, Marcello Fraiha; e representando a OPAS/OMS: Maria Almiron, Sandro Terabe, Rodrigo Said e Silvano Oliveira.

Maria Almiron coordena o departamento de emergência do departamento da Opas e da OMS no Brasil e falou do encontro. “Neste sábado, nós apresentamos o trabalho feito durante esta semana aqui em Mato Grosso do Sul, que consistiu em apoiar o Estado na elaboração do seu plano e de critérios para ajustes de medidas, incluindo a de distanciamento social. O Governo do Estado está trabalhando fortemente para ter esses critérios ajustados. A nossa vinda aqui foi para subsidiar em alguns conceitos técnicos e apresentar a experiência que temos de outros países e outros estados”.

Maria ressalta que a equipe veio conhecer e aprender o que Mato Grosso do Sul está fazendo em relação à resposta à Covid-19. “Consideramos que o trabalho que o Mato Grosso do Sul desenvolve vai servir de modelo para o que queremos ver implementado em outros estados”.

O grupo da OPAS, acompanhado do secretário Resende, da secretária-adjunta Christine, do coronel Fraiha e do secretário Municipal de Saúde, José Mauro Filho, visitaram a sede do Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública), recepcionados pela equipe da unidade, liderada pelo diretor do Laboratório, Luiz Henrique Ferraz Demarchi, que explicou como funciona a realização dos exames de diagnóstico do coronavírus. “Nossos colaboradores trabalham todos os dias em uma média diária de 300 a 350 exames do coronavírus”.

Maria ressalta sua impressão em relação ao laboratório: “A visita ao Lacen nos permite ver a capacidade que tem, hoje, o Estado para diagnosticar casos e a capacidade que tem de se expandir no diagnóstico de casos. Essa estrutura é importante e é chave para o diagnóstico da doença. Há capacidade para expandir-se ainda mais em um potencial incremento de casos. Mas não queremos chegar a esse ponto”.

Durante a visita, Resende acompanhou os membros da OPAS nas obras do Projeto Wolbachia, uma iniciativa inovadora de controle da dengue, da SES com o World Mosquito Program (WMP) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio do Ministério da Saúde e da Prefeitura de Campo Grande. A biofábrica fica em estrutura anexa ao Lacen/MS.

Sobre o método

A biofábrica abrigará salas para a produção dos mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia do WMP Brasil, bem como para triagem das larvas provenientes das ovitrampas utilizadas no monitoramento. Haverá também a preparação do material a ser enviado ao Rio de Janeiro (RJ) para testes que serão realizados na sede do WMP Brasil, no campus da Fiocruz.

A estimativa de produção semanal da biofábrica é de cerca de um milhão e meio de mosquitos com Wolbachia. O Método Wolbachia será implementado em toda a área urbana de Campo Grande (MS) em cerca de três anos. Para a produção de Aedes aegypti com Wolbachia em Campo Grande, inicialmente foram coletados mosquitos na cidade através de ovitrampas, que são armadilhas que coletam ovos. Não há modificação genética do Método Wolbachia.

“O Método Wolbachia consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os mosquitos Aedes aegypti presentes no campo. Com a reprodução irão nascer apenas mosquitos com Wolbachia. Quando essa bactéria está presente no mosquito, ela impede o desenvolvimento dos vírus da dengue, zika ou chikungunya, reduzindo assim a transmissão dessas doenças”, explica o líder do Método Wolbachia no Brasil e pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira. Ele ainda completa que “o Método Wolbachia é autossustentável e não será preciso liberar mais mosquitos assim que os Aedes aegypti com Wolbachia tiverem se estabelecido no campo. É importante ressaltar que este é um método complementar e as demais ações de controle da dengue devem continuar a ser realizadas”.

Antes da soltura dos mosquitos com Wolbachia, são realizadas etapas de comunicação e engajamento da população. Para a liberação dos mosquitos, Campo Grande foi dividida em seis áreas. A primeira abrange os bairros de Guanandi, Aero Rancho, Batistão, Centenário, Coophavila II, Tijuca e Lageado. “Nesta primeira área, já iniciamos a etapa de sensibilização dos profissionais de saúde e da educação em parceria com a prefeitura. Ainda faremos uma pesquisa para identificar o apoio da população, para então começar a soltura”, destaca Moreira.

A biofábrica do Método Wolbachia em Campo Grande fica em estrutura anexa ao Laboratório Central do Mato Grosso do Sul, LACEN-MS, na Vila Ipiranga, e a reforma do espaço – de cerca de 100 m2 – deve ocorrer em um prazo de 60 dias.

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