Morto por covid, Aldo deixou seu lugar de “pouso” para habitar a eterna “morada”

“Aqui é pouso, não é morada”. Em uma frase, Aldo Gomes de Albuquerque, 77 anos, resume um ensinamento que ficou para os filhos como um lembrete frequente de que esta terra é apenas uma passagem. Morto de covid-19 na última sexta-feira, 24 de julho, ele lutou pela vida por pouco mais de um mês, até não resistir à doença.

Quem conta um pouco sobre a trajetória de Aldo é o filho dele, Rodrigo Carminatti de Albuquerque, 37 anos. Servidor estadual, ele lembra que o pai era carinhoso e zeloso pela família e que marcou a todos diante do cuidado que tinha com todos: filhos, netos e esposa.

Os primeiros sintomas de Aldo, que era agente tributário aposentado, começaram em 21 de junho, mas como ele já tinha doença crônica no pulmão e sempre apresentava pneumonias nesse período do ano – inverno seco -, a família acreditou que seria mais uma e o tratamento foi feito em casa, com medicação específica para a doença.

No entanto, após alguns dias, a situação ao invés de melhorar, agravou e além de dor de cabeça, tosse e febre, ele começou a sentir falta de ar e então, buscou atendimento em hospital de Itaquiraí, onde morava com a família. De lá, já ficou internado, mas o teste deu negativo para covid-19.

Lá ficou até 7 de julho, quando foi transferido para Naviraí e então para Dourados, no Hospital da Cassems, onde foi entubado. O teste para o novo coronavírus foi feito lá novamente, resultando positivo.

Sobre o contágio, Rodrigo afirma que “não tem como saber”, já que segundo ele, seu pai “se cuidava muito”, usando sempre máscara e álcool em gel. Caseiro e pacato, quase não saía de casa e uma das únicas atividades diárias era a caminhada à tarde. Da família, somente a esposa de 60 anos foi confirmada com a doença, mesmo assim, depois de Aldo.

Para o filho, não há o que reclamar, apenas aceitar. “Somos muito apegados a Deus. É um momento difícil, uma perda enorme, só Deus sabe como, mas foi a vontade de Deus”, sustenta. Segundo Rodrigo, questionar se caso a covid não tivesse atingido seu pai, Aldo ainda estivesse vivo é apenas “arrumar desculpa” e decide apenas acatar o fato.

Aldo com os dois filhos. (Foto: Arquivo da Família)
Memória – Casado com a neta do fundador de Itaquiraí, Aldo chegou na cidade em 1975, 17 anos depois da fundação do município. Lá, foi vereador por quatro mandatos e formou família, com dois filhos e quatro netos. Segundo Rodrigo, o legado do pai é honestidade e lealdade, o que ele e a irmã levarão para a vida.

Quanto à frase que o pai sempre dizia, o filho afirma que para Aldo, ela se concretizou e ficará marcada na lembrança da família, já que o lugar de pouso foi deixado e “agora ele foi para a morada eterna”.

 

– CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

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