Entenda por que o colapso no sistema de saúde é uma possibilidade real

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o sistema de saúde do Brasil entrará em colapso no fim de abril, por conta da proliferação do coronavírus. “O colapso é quando você tem o dinheiro, o plano de saúde, a ordem judicial, mas não tem onde entrar para se tratar”, explicou ele, durante videoconferência ao lado do presidente Jair Bolsonaro e de empresários. A pandemia causou, até agora, 11 mortes no país, e há 904 casos confirmados de infecção. Para tentar unificar as ações, a pasta declarou, ontem, estado de transmissão comunitária em todo o país. A portaria com a medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

Mandetta ressaltou que haverá um rápido aumento no número de casos nos próximos 10 dias.“A gente deve entrar em abril e iniciar a subida rápida. Essa subida rápida vai durar abril, maio e junho, quando ela vai começar a ter uma tendência de desaceleração de subida. Julho deve começar o platô, em agosto, esse platô vai começar a mostrar tendência de queda e aí a queda em setembro, é uma queda profunda, tal qual foi a queda de março da China”, explicou. Ainda segundo o ministro, as medidas de restrição de trânsito da população podem se intensificar nos próximos dias.
Um colapso do sistema de saúde público é uma possibilidade real, apontam especialistas. “Não só da rede pública, mas também a privada”, alertou a presidente da Sociedade de Infectologia do DF, Heloisa Ravagnani Muniz. “A previsão para os próximos meses já é de um aumento de demanda com a dengue e a influenza. Se população relaxar nesse novo cenário de coronavírus, a demanda será tão grande que não há tempo hábil para o sistema se organizar.”
Para mudar as projeções, explicou Heloisa Muniz, não bastam os esforços das autoridades, é necessário que a população incorpore radicalmente as medidas de isolamento social e as práticas de higiene. “Nós estamos vendo pelas experiências de outros países e temos de nos preparar. Permitir que a curva de infecção não tenha um pico. Do contrário, teremos um cenário difícil, em que profissionais da saúde precisarão escolher a que pacientes atender.”
O diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, Jose David Urbaez, acredita que as palavras do ministro são para chamar a atenção das pessoas. “Serve como um alerta para todos, inclusive, para o mundo político e econômico. Há resistência entre empresários de tomarem as medidas de restrição e até de parte da população. Esse colapso pode acontecer, caso as medidas não sejam seguidas à risca”, avaliou.
Recursos
Também ontem, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, disse que o governo vai estudar os casos para liberar os recursos para o Ministério da Saúde.
Na opinião de Gil Castello Branco, secretário-geral da Contas Abertas, com o estado de calamidade, o governo só não vai gastar mais com Saúde se não quiser, pois, pelas regras constitucionais, ele pode ter espaço para descumprir a regra do teto, via créditos extraordinários, e também a regra de ouro, pois o Executivo já ia pedir a autorização para ampliar os gastos em R$ 343,6 bilhões para cobrir despesas de custeio. A regra de ouro proíbe que o governo emita dívidas para cobrir gastos correntes, como salários e aposentadorias. “Com o coronavírus, pedirá mais”, apostou.
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