180 mil mortos pelo coronavírus: “É responsabilidade dele [Bolsonaro]”, diz Mandetta

No dia em que o Brasil alcançou o triste número de 180 mil mortos pelo coronavírus, o ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), foi categórico ao responsabilizar o presidente Bolsonaro (Sem Partido) pelas vidas perdidas. A fala ocorreu na noite desta sexta-feira (11), no programa Em Pauta da Globo News.

“180 mil era o que eu dizia ao presidente que se ele continuasse com aquele negacionismo e se a população não tivesse liderança, era o nosso pior cenário e nós tínhamos que enfrentar isso unidos. O nosso inimigo, nosso adversário era o coronavírus”, disse Mandetta e explicou que se o país tivesse feito o dever de casa não teria alcançado um número de mortos tão expressivo.

Mandetta afirmou que avisou o presidente Bolsonaro que o cenário seria catastrófico, que o país poderia chegar ao número de 180 mil mortes por Covid-19. Ele tentou explicar para o presidente e em linhas curtas só faltou desenhar.

“Explicações bem básicas inclusive algumas até assim ‘olha o vírus é um bichinho que entra pelo nariz e que tem que tomar cuidado que passa na  mão de um para o outro’, mas nem isso foi o suficiente para que ele entendesse”, disparou Mandetta.

O ex-ministro documentou o cenário catastrófico em que o país pagaria a preço de vidas e apresentou a todos os ministros, levou até o presidente e reforçou que a ideia da cloroquina que estavam “vendendo para o presidente era uma falácia e iria custar muito caro para a vida dos brasileiros”.

“Infelizmente ele preferiu dar ouvidos aqueles que faziam os prognósticos que ele queria escutar. Lastimável, eu fico muito triste do pior cenário que eu mostrei para o Brasil, mostrei por estado, mostrei por cidade, mostrei por semana epidemiológica que nós chegaríamos ao final do ano se deixássemos daquele jeito esse seria o desfecho”, desabafou Mandetta.

Ele voltou a falar da importância das medidas adotadas em sua época enquanto ministro da saúde dos três eixos, lavar as mãos, usar álcool em gel e usar a máscara. Assim como evitar aglomerações. E para o momento não piorar “manter a prevenção no máximo que a gente puder manter”.

“Infelizmente esses remédios, essa coisa de tratamento precoce, de cloroquina, de ivermectina, de ozonioterapia, isso não se mostrou capaz de deter o ritmo natural dessa doença”.

Mandetta criticou a falta de organização no sistema de saúde brasileira que não apresentou uma estratégia para testagem em massa da população. E lembrou do caso dos testes que ficaram no “almoxarifado” e perderam o prazo de validade.

“É necessário agora mais do que nunca um esforço suprapartidário, supra político, os governadores tem que parar de bater tambor em público e sentar à mesa e entregar para cada um o que tem. E não vai ter para todo mundo [vacina], nós vamos atravessar 2021 inteiro lutando com isso”, alertou Mandetta.

E apesar da capacidade do Sus para grandes vacinações ele disse que é preciso que seja traçado de imediato um planejamento.

“É preciso de gente que saiba fazer saúde pública. Não dá mais para improvisar. Não dá mais para empurrar com a barriga”.

E sobre o governo estar batendo cabeça em relação a imunização, Mandetta não arregou e declarou o despreparo.

“Se puser um médico ou um padre pra comandar uma guerra não vai dar, médico não sabe matar. Militar que sabe, mas militar não sabe cuidar, não sabe curar, não sabe promover saúde. Estamos sob uma intervenção militar burra”

 

CREDITOS: A ONÇA

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