Valor Bruto da Produção Agropecuária tem alta estimada em 8,5% em comparação com o ano passado

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A pandemia do coronavírus tem provocado impactos na economia global e nacional. Em abril, um estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado Federal, apontou que as medidas de enfrentamento à Covid-19 devem acelerar o endividamento do estado até 2030, podendo chegar a 100% do Produto Interno Bruto (PIB).

Dentre todo o cenário negativo trazido pela pandemia, um setor do PIB brasileiro ainda apresenta crescimento. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), dados atualizados em maio indicam que o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VPB) de 2020 está estimado em R$ 703,8 bilhões – 8,5% maior do que em 2019 (R$ 648,4 bilhões). O valor, de acordo com a pasta, é o maior desde o início da série histórica, em 1989.

A agropecuária apresentou crescimento de 1,9% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o boletim de grãos de junho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a alta do dólar em relação do real elevou os preços domésticos. As lavouras tiveram alta de 11%, com R$ 469,8 bilhões.

“Apesar da pandemia, tem sido um ano especial para a agricultura. Estamos com a maior safra de grãos que já tivemos. Os preços agrícolas para os produtores têm tido desempenho favorável. Outro fator é que algumas lavouras, como café e cana, têm tido bom desempenho. Além disso, o mercado internacional está sendo muito favorável para grãos e carnes”, destaca José Garcia Gasques, coordenador-geral de Avaliação de Políticas e Informação da Secretaria de Política Agrícola do Mapa.

“Quando a pandemia começou no Brasil, a safra de grãos já estava praticamente toda colhida ou fase adiantada de colheita”, completa Garcia Gasques.
Ainda segundo a Conab, café, milho e soja representam 57,8% do Valor Bruto da Produção Agropecuária. De janeiro a maio, as exportações acumuladas de soja chegaram a 48 milhões de toneladas.

O mercado internacional tem refletido também na pecuária. A Conab aponta crescimento de 3,9% até maio, em comparação com os cinco primeiros meses de 2019. Para o professor de Economia Chinesa do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Roberto Dumas, o recente surto de peste suína africana (PSA), que dizimou boa parte do rebanho chinês, pode ser impulsionar o mercado brasileiro.

“Houve problema da febre suína. Dado que veio (peste suína) da falta de higiene no trato e na criação dos porcos, o governo chinês falou que os porcos deveriam ser alimentados de forma diferente. Tem de ser alimentados com soja e farelo de soja. O Brasil exporta soja e pode se beneficiar com isso”, avalia o professor.

Indicador

O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) é um indicador de desempenho e faturamento do setor agropecuário. O cálculo é efetuado mensalmente com dados de 21 produtos de lavouras e cinco atividades da pecuária.

O VBP é obtido pela multiplicação da quantidade produzida pelo preço recebido pelo produtor. A estimativa do VBP é anual, já que as estimativas de safras divulgadas mensalmente referem-se à previsão para o ano. Na pecuária, como as informações do IBGE são a cada três meses, são atualizadas as informações de quantidades.

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Maquinário

Mesmo com o crescimento do setor agropecuário, um ramo da área foi fortemente afetado pela pandemia do coronavírus. De acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Automotores (Anfavea), as vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias sofreram queda de 29,5% em maio, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Em abril, segundo a Anfavea, a produção de autoveículos despencou 99%, o menor nível mensal desde o surgimento da indústria no Brasil, na década de 1950.

“No final de março e início de abril, a indústria teve que encerrar suas operações, em média 20 dias, para que pudessem se adequar às medidas de segurança em função da Covid-19. A produção caiu, obviamente, e isso se reflete no mês seguinte, e em seguida a produção cresce de novo quando as fábricas reabrem”, avalia Alfredo Miguel Neto, vice-presidente da Anfavea.

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