Suspenso após infrações, frigorífico fecha e demite 150 funcionários


O frigorífico Beta Carnes, situado na saída para São Paulo, em Campo Grande, encerrou suas atividades e demitiu 150 funcionários que agora aguardam o pagamento de seus direitos trabalhistas. O fechamento da unidade ocorreu no dia 8 de dezembro, a menos de um mês após a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) lacrar a unidade devido a problemas sanitários.

Os 150 funcionários demitidos têm até o dia 18 deste mês para receberem suas rescisões. O processo de encerramento das atividades se iniciou em 24 de novembro, quando a Iagro interditou e suspendeu as operações do frigorífico por questões sanitárias. Conforme noticiado anteriormente, cerca de 100 funcionários protestaram contra o fechamento em frente à sede da Iagro, no dia 29 de novembro deste ano.

O presidente da CUT-MS (Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul) e do Sticcg (Sindicato dos Trabalhadores de Carne e Derivados de Campo Grande), Vilson Gimenes Gregório, destacou que, até o momento, o 13° e a rescisão não foram pagos.

Vilson explica que os trabalhadores estão incertos se os direitos trabalhistas serão pagos até o prazo estabelecido pela lei. “Até agora não anunciaram um prazo e nem sabemos se vão pagar. Mas se até 18 de dezembro não pagarem, teremos que ingressar com a ação coletiva. Isso deixa o pessoal apreensivo. Porque são pais e mães de família dependem desses benefícios, ainda mais no final de ano”.

Mesmo com o fechamento da empresa, Vilson foi informado que o salário do mês de novembro foi pago, mas o 13° e a rescisão ainda estão pendentes. “A CUT-MS e o sindicato estão acompanhando de perto as decisões”.

Impasse

Segundo Gregório, o impasse teve início com a Iagro, que alegou irregularidades no estabelecimento. “Eles alegaram irregularidades, mas quando o veterinário vinha aqui e falava outra coisa. Então ficava nesse impasse”.

De acordo com presidente do Sticcg, após o frigorífico regularizar 90% das pendências para retomar as atividades, o Iagro voltou a impor exigências, o que levou ao fechamento no início de dezembro. “Eles voltavam a cobrar coisas que outras empresas da cidade não estavam cumprindo”, aponta Gregório.

Por outro lado, Cristiano Moreira de Oliveira, diretor adjunto da Iagro, havia justificado o fechamento citando irregularidades sanitárias recorrentes no frigorífico.

Cristiano ressaltou que a empresa não se adéqua totalmente às solicitações feitas pela agência. Os motivos do fechamento incluem problemas com a bomba de cloro, temperatura irregular nos procedimentos, presença de insetos, sanitários dos colaboradores e esterilizadores não funcionando corretamente, além da câmara fria lotada.

“Você joga água e não elimina as bactérias, não elimina os germes que podem contaminar a carne. Se a temperatura estiver errada pode ter contaminação, as bactérias podem proliferar e prejudicar a carne, estragar a carne, então eles não estão garantindo isso. Eles [insetos] podem ter certo portador, que carrega salmonelose, várias outras bactérias e vírus”, relata o diretor adjunto da Iagro, em matéria publicada anteriormente.

Cristiano destacou a responsabilidade da Iagro em garantir a qualidade e segurança dos alimentos e justificou o fechamento como medida para evitar riscos à saúde pública. Tem algumas situações que impedem a gente de continuar trabalhando. Eu não posso colocar uma população em risco por conta de uma pressão, de uma pressão dos trabalhadores, infelizmente”.

(Campo Grande News)

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