Rumo ‘devolve’ concessão de ferrovia da região

Aurélio Alonso (Especial para o Jornal Negocião)

 

Depois de conseguir a prorrogação da Malha Paulista até 2058, a concessionária Rumo anunciou nesta semana que vai devolver a operação da Malha Oeste, que integra o trecho da antiga Estrada de Ferro Sorocabana que passa por Ourinhos e está desativada entre Botucatu e Presidente Epitácio. A medida vai forçar nova licitação dessa malha pelo Ministério dos Transportes, mas uma questão ficará em aberto: a nova concessionária vai ativar todo o trecho, considerado deficitário?

Atualmente, o único trajeto em atividade fica entre Três Lagos, Bauru e Mairinque (SP) para chegar ao porto de Santos, usado no transporte de celulose.

Na região de Ourinhos, uma parte da ferrovia acabou. Há registro frequente de furto de trilhos em Chavantes e Bernardino de Campos por não trafegarem mais trens.

 

 

A Rumo S.A. emitiu comunicado para que seja feito processo de relicitação. A Malha Oeste foi a primeira a ser concedida a iniciativa privada em março de 1996 no trecho Bauru (SP) a Corumbá (SP) e, em 2003, foi anexado o trecho Bauru a Mairinque (SP) – quando veio junto o trecho de Botucatu, Ourinhos, Assis até Presidente Epitácio sob concessão da América Latina Logística (ALL).

O imbróglio vem desde o processo de privatização das ferrovias na gestão de Fernando Henrique Cardoso. A região de Presidente Prudente chegou a liderar movimento para que a ferrovia fosse reativada, devido a ligação a Presidente Epitácio. A então concessionária ALL alegou não ter interesse na época por ser deficitário.

O surgimento de Ourinhos foi graças a expansão da antiga Estrada de Ferro Sorocabana. Aqui já teve trens de passageiros diários para São Paulo e Presidente Prudente. Na década de 50/60 chegou a eletrificação da ferrovia do qual incentivou a construção da hidrelétrica de Salto Grande (SP). Com a privatização foi abandonado o sistema elétrico e substituído por locomotivas diesel elétricas e suprimidos os trens de passageiros de longo percurso.

 

 

Quando havia a estatal Fepasa, a linha-tronco estava em atividade no transporte de cargas e combustível, atualmente se nada for feito, a cidade vai perder esse importante meio de transporte. Infelizmente, os dois deputados da região de Ourinhos não se interessam e ignoram o assunto. E há mais abandonos: o Ramal Paranapanema que seguia de Ourinhos para Jaguariaíva (PR) por Jacarezinho foi abandonado há cerca de 20 anos e desativado. Não se sabe como será a devolução desse trecho.

Trecho de Ourinhos está fora da relicitação, mas está abandonado

A antiga linha tronco da Estrada de Ferro Sorocabana entre Ourinhos e Botucatu e Presidente Prudente vai ficar fora da relicitação, porque pertence à Malha Sul, mas se encontra desativada. A Rumo vai entregar o trecho da Malha Oeste que liga Corumbá a Mairinque, do qual passa por Bauru e Botucatu.

Na última edição do Negocião noticiamos que o trecho de Ourinhos pertence à Malha Oeste, mas na gestão da América Latina Logística (ALL) antes da Rumo assumir, esse trecho foi incorporado à gestão da Malha Sul. A fusão entre Rumo e ALL ocorreu em 2015.

Como não haverá mudança de controlador na Malha Sul, uma questão precisa ser definida: como ficará a reativação da linha permanente que vai de Ourinhos a Botucatu e até Presidente Prudente. O trecho é considerado deficitário. A União será ressarcida ou a atual concessionária vai devolver a ferrovia no atual estado de abandono quando terminar o contrato de concessão? A incorporação do antigo tronco da Sorocabana entre Bauru, Botucatu e Mairinque ocorreu em 2003, por ser importante ligação ao porto de Santos que possibilita aos trens que vêm da antiga Estrada de Ferro Noroeste seguir até o porto de Santos. O transporte de celulose que vem de Três Lagos depende dessa ligação de bitola estreita.

Uma questão que precisa ser debatida é se compensa ou não a reativação, ou a erradicação de uma ferrovia que sob controle estatal funcionou até os anos 90.

 

 

Fonte: negociação

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