Presidente Lula quer fábrica da Petrobras em MS pronta até o fim de seu mandato
O Correio do Estado adiantou, na edição de terça-feira, que as obras seriam retomadas, conforme entrevista exclusiva com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Assim como a edição de 27 de outubro já havia apontado que a obra levaria um ano e meio para ser concluída.
A fábrica, que teve a sua construção paralisada em 2014, com 81% de conclusão, é foco do governo federal para reduzir a dependência das importações de fertilizantes.
A princípio, as obras da fábrica de fertilizantes seriam retomadas apenas a partir de 2026, com conclusão prevista para 2028, porém, o presidente Lula cobrou que a construção seja reiniciada já no próximo ano, para que a entrega seja feita no último ano de seu governo.
“O presidente Lula sinaliza que quer inaugurar a UFN3 dentro do seu mandato. Isso é muito positivo. Então, a partir de agora, com esse comunicado ao mercado, com a aprovação do plano estratégico, a Petrobras começa a definir o cronograma”, explica o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.
Ainda de acordo com o governo de Mato Grosso do Sul, a estatal não divulgou um cronograma, mas a expectativa local é de que, considerando o período de planejamento, as obras sejam efetivamente reiniciadas em seis meses e concluídas em um ano e meio.
Conforme já adiantado pelo Correio do Estado, a unidade fabril tem capacidade para reduzir em até 30% a dependência da importação de adubos nitrogenados do País.
“[A UFN3] vai ampliar o consumo de gás natural em 2,3 milhões de metros cúbicos por dia e, com isso, MS contribuirá para ampliar a oferta de fertilizantes no País. Isso sinaliza também a necessidade de equacionarmos a questão do fornecimento de gás no prazo de dois anos”, finaliza o secretário.
PLANO ESTRATÉGICO
A Petrobras fechou em US$ 102 bilhões sua programação de investimentos para os próximos cinco anos, a primeira sob o novo mandato do presidente Lula. O valor representa aumento de 31% em relação ao plano anterior.
Os aportes seguem concentrados em exploração e produção de petróleo, que receberão 73% do orçamento. Mas já trazem mudanças em relação às gestões anteriores, com ampliação de estudos em iniciativas de baixo carbono e a retomada de investimentos em petroquímica.
Do total previsto, US$ 91 bilhões serão direcionados a projetos já em implantação e outros US$ 11 bilhões reservados para projetos ainda em avaliação. O aumento do investimento, diz a empresa, inclui potenciais aquisições e ativos que estavam em desinvestimento e voltaram para a carteira da companhia.
“Aumentamos os investimentos totais da Petrobras com responsabilidade, foco na disciplina de capital e compromisso de manter o endividamento sob controle”, afirmou em nota o presidente da estatal, Jean Paul Prates.
“Também intensificamos os investimentos em baixo carbono com projetos rentáveis para geração de valor no longo prazo. Vamos fazer a transição energética de forma gradual, responsável e crescente, investindo em novas energias e sem abrir mão, de uma hora para outra, da produção de petróleo”, conclui a nota.
INDÚSTRIA
A UFN3 começou a ser construída em 2011 e teve as obras paralisadas em 2014, após integrantes do consórcio estarem envolvidos em denúncias de corrupção. Na época, a estrutura da indústria estava cerca de 81% concluída.
O processo de venda da UFN3 começou em 2018 e incluía a Araucária Nitrogenados (Ansa), fábrica localizada em Curitiba (PR). A comercialização em conjunto inviabilizou a concretização do negócio.
No ano seguinte, a gigante russa de fertilizantes Acron havia fechado acordo para a compra da unidade, mas a crise boliviana impediu o negócio.
Em fevereiro de 2020, a Petrobras lançou nova oportunidade de venda. As tratativas só foram retomadas no início do ano passado, com o mesmo grupo russo. No dia 28 de abril de 2022, a petrolífera anunciou que a transação de venda da fábrica para o grupo Acron não havia sido concluída.
Ainda em 2022, a Petrobras relançou a venda da fábrica ao mercado. Em 24 de janeiro deste ano, a estatal anunciou o fim do processo de comercialização da indústria.
A fábrica de Três Lagoas deve receber aporte de R$ 5 bilhões (US$ 1 bilhão) para sua conclusão. Conforme representantes da gestão estadual, a estrutura tem sido conservada pela Petrobras e os recursos servirão para concluir as obras.