Nível do Rio Paraguai melhora e possibilita maior uso da hidrovia

Rodolfo Cesar/Arquivo/Correio do Estado

A navegação comercial no Rio Paraguai está passando por um novo estágio de boa expectativa para transporte de cargas neste ano. O nível do rio tem aumentado consideravelmente desde de janeiro, e ontem a marca na régua da Marinha, em Ladário, atingiu 1,53 metro.

Conforme especialistas do setor, o uso comercial do rio precisa estar na faixa de 1,50 m para transporte, principalmente de cargas como minério de ferro e minério de manganês. Esses são os dois principais produtos da balança comercial do Estado que utilizam a hidrovia para serem escoados.

Desde 2020, o Rio Paraguai não atingia nível satisfatório que permitsse o escoamento da extração de minério das minas em Corumbá e Ladário. Nessa região, é a régua de Ladário que faz a orientação para as empresas.

O pico de cheia registrado na região ocorreu em 2018. Depois disso, houve redução gradativa. Em termos de transporte, 2019 teve um dos melhores números na série dos últimos cinco anos.

Na época, a navegação era favorecida pelo nível do Rio Paraguai, além dos cenários externo e interno terem apresentado boas condições para negócios ligados ao setor.

No ano passado, havia obstáculos para o uso das embarcações. Ao mesmo tempo, a Vale, que ainda operava as minas no Pantanal, estava de saída do setor na região. Em razão desse segundo fator, a empresa intensificou o carregamento e chegou a transportar mais de 1,3 milhão de toneladas.

A J&F Mineração, que passou a atuar em Corumbá com o nome de Mineração Corumbaense Reunida (MCR) a partir do segundo semestre de 2022, prepara para este ano sua maior atividade.

Sinal disso é a retomada da exploração do minério de manganês, que estava paralisada pela Vale. A capacidade de produção anual na Mina de Urucum é de 2 milhões de toneladas de minério de ferro e 450 mil toneladas de minério de manganês.

A empresa anunciou em dezembro de 2022 que pretende priorizar a hidrovia para escoar sua produção, que vai ser direcionada para o mercado externo.

“Nossa meta é continuar expandindo e acreditamos que, para o próximo ano [2023], a tenhamos capacidade para dobrar a produção que vem sendo feita, mas tudo com muita responsabilidade em termos de questões ambientais”, afirmou Agnaldo Gomes Ramos Filho, presidente da J&F Mineração, em evento realizado em Corumbá no dia 6 de dezembro do ano passado.

Além da MCR, neste ano, a mineração na região pantaneira passou a ter outras empresas do setor. Com menor extração estão na lista a MPP e a 3A, bem como a Vetorial, que tem siderurgia. Até o fim do ano passado, nem todas essas mineradoras estavam com operações em andamento.

Os embarques de cargas de minério de ferro já estão ocorrendo, tanto no Porto Granel Química, em Ladário, como em Porto Esperança, onde ficam os embarques exclusivos da MCR. Conforme apurado, o transporte está sendo feito de forma contínua, por conta das condições do Rio Paraguai.

PORTO MURTINHO

Em outro trecho da hidrovia, em Porto Murtinho, a movimentação de cargas está maior do que no ano passado. O Grupo FV Cereais Comércio de Importação e Exportação inicia os embarques de soja no dia 13.

Outras duas embarcações também estão agendadas para sair com destino à Argentina, para o porto em San Lorenzo. O primeiro carregamento será de 25 mil toneladas, e a previsão da empresa é fr trabalhar com até 30 mil toneladas para transporte.

“Tende a ser melhor o 2023, a expectativa está boa, com previsão para ter transporte ao longo de todo o ano. Em 2022, não tivemos essa movimentação de comboio ocorrendo em fevereiro. Em parte, por conta das condições do rio e também em função de fatores ligados à produção da soja e ao cenário exterior”, comentou o gerente de operações do Grupo FV, Genivaldo dos Santos.

PEDÁGIO

O governo argentino divulgou, no fim de janeiro, que vai manter a cobrança de pedágio no transporte hidroviário. Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia fizeram manifesto contra essa medida. O fato foi noticiado pelo Correio do Estado, na edição de 17 de janeiro de 2023.

O país vizinho determinou a cobrança de US$ 1,47 por tonelada, com valores sendo exigidos desde janeiro. Houve reunião no dia 26 de janeiro para tentar retirar essa medida, mas não houve acordo.

O tema foi abordado na Embaixada do Uruguai em Buenos Aires. O governo argentino ainda disse que vai realizar obras de melhoramento na confluência do Rio Paraguai até Santa Fé.

A estimativa é de que pela hidrovia Paraguai-Paraná transitam 22 milhões de toneladas de cargas, sendo que 14 milhões são paraguaias, 6 milhões do Brasil e 2 milhões da Bolívia. O setor paraguaio estima um incremento no custo do transporte de US$ 40 milhões ao ano.

FONTE CORREIO DO ESTADO

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