Hidrovia pode bater recorde de exportação de soja em 2023
A exportação de soja pela Hidrovia Paraguai-Paraná deve bater recorde neste ano em Mato Grosso do Sul, com expectativa de alcançar até 700 mil toneladas.
Até o momento, o porto privado do Grupo FV, em Porto Murtinho, a 431 quilômetros de Campo Grande, movimentou 122.400 toneladas, um marco no transporte do grão. O Terminal Portuário foi inaugurado em 2020, único na região, porque a empresa apostou na hidrovia como estratégia de escoamento de grãos, já que tudo seguia pelas rodovias. Havia outro terminal na região, pertencente ao governo e concedido à iniciativa privada, que acabou desativado por descumprimento das regras do contrato.
De acordo com o representante do terminal do Grupo FV, Genivaldo Santos, o transporte hidroviário da região tem movimentado a economia da região. “A hidrovia está bem movimentada, neste momento estamos com três comboios, sendo um carregando e dois aguardando a vez, com aproximadamente 100 mil toneladas neles. O principal destino é Argentina”.
O porto pode movimentar até 2 milhões de toneladas de grãos por ano e também outros produtos, sugerindo uma solução logística em escoamento, já que o Estado não tem mais transporte ferroviário, que era utilizado para escoar minério.
“Estamos exportando soja em grãos. A projeção são os contratos efetivados até o momento, junto com a boa safra do Estado e demanda da Argentina, que teve uma quebra significativa na sua safra de soja”, explica Genivaldo.
De acordo com o representante do terminal, empresas nacionais e multinacionais têm utilizado a hidrovia para escoar soja, entre elas: Cargill, Louis Dreyfus, Viterra, Bunge, Itahum, Lar, Copasul, Royal e Mmsg.
Proex – Além da melhoria das condições de navegação no Rio Paraguai, devido ao maior volume de chuvas na região no mês de março, após períodos muito secos na região, o Proex (Programa de Estímulo à Exportação ou à Importação pelos Portos do Rio Paraguai) também contribui para o crescimento do transporte hidroviário no Estado.
As empresas que construírem e utilizarem terminais de embarque e desembarque de mercadorias utilizando portos em Corumbá, Porto Murtinho e Ladário até dezembro de 2032 contarão com incentivo fiscal.
De acordo com o secretário da Semadesc (Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Inovação e Tecnologia), Jaime Verruck, a retomada da movimentação de cargas por meio das hidrovias também busca diminuir o alto fluxo de transporte rodoviário. “É um momento positivo para Mato Grosso do Sul, já que o transporte pela hidrovia tem menor custo e permite a redução no tráfego de caminhões pela rodovia”, frisou.
Impacto local – Segundo o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra (PSDB), o porto tem embarcado cerca de 200 a 250 carretas bitrem de soja, o que tem produzido um aumento no consumo de restaurantes e movimentado a cidade. “Esse aumento no volume de cargas tem gerado um movimento diferenciado para a cidade e gerado empregos para a população local. A cidade está mais movimentada”, comentou.
Entretanto, a movimentação de caminhões que se deslocam de outras cidades gera um problema. “Ter 250 carretas de bitrem pela estrada que liga Porto Murtinho e Jardim é muita coisa. A estrada tem lidado com cargas de muito peso”.
De acordo com Cintra, para solucionar esse impasse, já foi solicitado o serviço de melhoria das estradas que dão acesso à cidade. “O proprietário do porto informou ao prefeito que nos próximos quatro meses serão embarcadas cerca de 22 mil carretas de trem de soja para a Argentina. Temos procurado melhorar essas estradas o quanto antes”.
Segundo ele, a rodovia federal BR-267, que também liga os demais municípios à Porto Murtinho, também passará por uma melhoria. “O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) já foi comunicado e temos duas empresas reconstruindo o asfalto, especialmente, nos pontos que estão danificados”.