Finais da NBA: Como o Miami Heat usou a cultura vencedora para se reconstruir e voltar ao topo

Com LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh, o Miami Heat formou um time incrível no começo dos anos 2010. A equipe ficou junta por quatro anos e foi para quatro Finais da NBA, vencendo duas. Agora, após 5 anos longe do topo, Erik Spoelstra leva um elenco completamente reformulado para a grande decisão.

Como isso aconteceu? Muito se fala na ‘Heat Culture’, a cultura do Miami Heat. Uma cultura vencedora que mais parece algo no plano das ideias, completamente subjetivo. Entretanto, é real.

Pat Riley, presidente da franquia, é um vencedor nato, gosta muito disso e sabe o caminho das pedras. Já foi campeão como jogador na década de 70, como técico nos anos 80 e 2000 e também chegou ao topo como presidente em 2012 e 2013. E por isso, nunca abraçou a mentalidade de ‘tanking’ (ir mal para ter boas escolhas de draft).

Após o último título, em 2013, o Heat perdeu as Finais em 2014 para os Spurs e depois perdeu LeBron James. Bosh, com graves problemas de saúde, teve mais duas temporadas em alto nível (quando conseguia jogar) e nunca mais entrou em quadra.

Já naquela primeira temporada sem o trio, a franquia foi atrás de um novo craque: Goran Dragic, que era o atual Most Improved Player (jogador que mais evoluiu) da NBA. Para tê-lo, junto com seu irmão Zoran, Miami mandou embora Norris Cole, Danny Granger, Justin Hamilton, Shawne Williams e mais duas escolhas de draft. Durante muito tempo, pareceu uma troca ‘cara’, mas Dragic virou o armador experiente que ditou o ritmo da equipe nesses playoffs e fez todas as expectativas serem superadas.

Triunfo por 125 a 113 com 32 pontos, 14 rebotes e 5 assistências do pivô da equipe de Miami© Fornecido por ESPN

Triunfo por 125 a 113 com 32 pontos, 14 rebotes e 5 assistências do pivô da equipe de Miami

“Dragic, bem vindo ao Miami Heat, um time e organização que não aceita perder”, Dwyane Wade em 2015

Nesses cinco anos até chegar na atual temporada, Miami não foi aos playoffs três vezes, mas sempre disputou a última vaga até o fim. Sempre quis vencer. A jogada de mestre, então, foi aproveitar essas escolhas de draft de loteria (apesar de nunca terem uma superior à 10ª) e construir uma nova equipe, competitiva e vencedora.

Em 2015, com a 10ª escolha, pegaram Justise Winslow, de Duke. Após gerar muitas dúvidas sobre em que posição rendia melhor dentro de quadra, o garoto foi trocado no meio da temporada atual, e é por isso que, apesar de não estar no elenco atual, essa chegada às Finais passa por ele. Nessa negociação, Winslow e DIon Waiter foram para Memphis, mas Jae Crowder, Andre Iguodala e Solomon Hill chegaram em Miami. Os dois primeiros são fundamentais na rotação atual e trazem a experiência e o impacto defensivo que o time tanto precisava para chegar longe. E chegaram.

Naquele mesmo draft, com a 40ª escolha, o selecionado foi Josh Richardson, de Tennessee. O ala-armador cresceu muito sob a asa de Dwyane Wade e se tornou um jogador muito promissor. Contribuiu bastante para o time durante quatro anos, e na última temporada, foi a peça perfeita para a troca que trouxe o astro da equipe finalista: Jimmy Butler, que durante grande parte de sua carreira foi rotulado como ‘laranja podre’ e em um ano com esse novo grupo mostrou que é um grande líder dentro e fora de quadra.

Os outros dois anos sem playoffs geraram mais duas escolhas que mudaram o rumo da franquia, selecionando duas joias de Kentucky. Em 2017, em 14º, Bam Adebayo. Em 2019, em 13º, Tyler Herro. Se seus drafts fossem ‘refeitos’ hoje, provavelmente os dois estariam em seus respectivos Top-3. Mas Miami viu o talento e potencial nos dois mesmo quando muitos outros times não viram.

Falando nisso, o Heat mostrou esse ‘olho clínico’ em mais dois casos muito mais incríveis. Kendrick Nunn, um dos melhores calouros da atual temporada, e Duncan Robinson, o melhor arremessador de três pontos desses playoffs, nunca foram draftados. 60 escolhas passaram a dupla. Com ambos ‘dando sopa’, Miami deu a chance que eles precisavam.

Robinson, uma das grandes histórias desses playoffs, passou pela equipe de desenvolvimento e teve suas primeiras oportunidades na última temporada, mas foram poucas: 15 jogos, só 1 como titular. Nesse ano, foi titular em 68 das 73 partidas que disputou e virou o homem de confiança da equipe no arremesso longo. Há três anos, ele já estava quase aceitando que não seria jogador de basquete e considerava entrar na mídia esportiva. Agora, é titular de um time finalista da NBA.

Como ficou claro, o Miami Heat não gosta de perder. E é por isso que, mesmo quando perdeu, logo voltou a vencer.

Nesse curto ciclo longe das Finais, o time foi aos playoffs, competiu em alto nível e viu o fim da carreira do maior jogador de sua história, Dwyane Wade (apesar do craque ter ficado fora por uma temporada e meia, defendendo Bulls e Cavs). Em seu último ano, Wade transformou a temporada do Heat em uma turnê nostálgica, que presenteou seus torcedores com últimas inesquecíveis memórias.

Wade foi embora com três títulos e um legado incomparável. Em seu primeiro ano fora, viu uma equipe filha do que ele fez dentro de quadra voltar às Finais.

 

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