Ex-candidata e presidente do PSOL de MS alega ataques e violência de gênero para deixar partido
Cris Duarte, que comandava o PSOL em Mato Grosso do Sul, comunicou em sua conta no Facebook que se desligou do partido. Ela alegou que, durante as eleições internas, passou por ‘processo sistemático de violência política de gênero’ e que a ‘lógica de disputa’ é ‘pouco convidativa a permanência no partido’.
A reportagem procurou João Alfredo, também do PSOL, prefeito de Ribas do Rio Pardo, que disse desconhecer a situação em detalhes, por isso, prefere não se manifestar. Em sua postagem, Cris Duarte, que disputou a Prefeitura de Campo Grande em 2020, afirma que, apesar de ter construído laços e amizades nos três anos de permanência no PSOL, acumulou ‘críticas profundas aos métodos de organização e funcionamento partidário’.
“Em meados de 2021, ao participar do processo de disputa congressual em que buscava garantir a mudança da presidência do PSOL/MS, que permanecia a mesma por mais de uma década, passei por um processo sistemático de violência política de gênero que perdurou mesmo após findar o processo eleitoral em que fui eleita presidenta do Diretório Estadual”.
Disse, ainda, que sentiu o ‘gosto amargo das consequências emocionais de ser uma mulher ocupando o principal cargo dessa instância partidária que mesmo diante das denúncias, parecia não haver possibilidade concreta de superação desse panorama de ataques pessoais, desrespeito, travamentos burocráticos característicos do machismo estrutural que culminaram nesta difícil decisão de desligamento’.
Além das questões internas e políticas, Cris Duarte comentou em sua carta que enfrentou também tentativas de contaminação de relações pessoais, o que a faz optar pelo afastamento do PSOL. “Sigo em minha militância, me dedicado ao movimento feminista, me unindo as mulheres negras, indígenas e LBT, porque tenho convicção que é com essas mulheres que preciso estar e construir”.
A ex-candidata contou que sai decepcionada com o PSOL, uma vez que se empenhou para dar maior visibilidade ao partido, mas que teve o mandato travado pelo antigo presidente. “Típico de política de violência de gênero — obstacularizar as ações de uma mulher no poder”. Por enquanto, Cris Duarte seguirá sem partido e não deve disputar as eleições. A intenção dela era concorrer ao cargo de deputada estadual.
via Midiamax