Bolsonaro diz que pedirá ao STF acesso a mensagens da Lava Jato

A exemplo do que fez o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu adversário político, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 12, que pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso a mensagens envolvendo o ex-juiz e procuradores da Lava Jato que foram vazadas por em 2019. Parte do conteúdo segue sob sigilo, mas o presidente disse ter sido informado, sem revelar por quem, que seu nome aparece nas conversas e, por isso, também tem direito a conhecer o que foi tratado. Ele não apresentou provas disso.

Em 2019, o presidente disse que o vazamento das mensagens era “criminoso” e duvidou do conteúdo revelado. “Vazou. Se vazar o meu aqui tem muita brincadeira que faço com colegas . Houve uma quebra criminosa, uma invasão criminosa. Se é que o que está sendo vazado é verdadeiro ou não”, afirmou na época.

A mudança de posição do presidente foi explicada por ele ontem. Enquanto a intenção de Lula é usar as mensagens para provar a parcialidade de Moro ao condená-lo, Bolsonaro admitiu que seu objetivo é colocar em xeque o trabalho de órgãos de fiscalização, numa estratégia que pode beneficiar seu filho mais velho, o senador .

Citando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Bolsonaro disse que quer “pegar o cara que vendia informações”. Foi com base em um relatório do órgão sobre movimentações atípicas do ex-assessor Fabrício Queiroz que o Ministério Público iniciou a investigação na qual acusa Flávio de comandar um esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

O documento foi revelado pelo Estadão em dezembro de 2018 Desde então, o Coaf entrou na mira do presidente. Logo no início do seu governo, ele transferiu o órgão do Ministério da Justiça, até então comandado por , para o Banco Central, uma autarquia mais burocrática do que a pasta.

“Mandei pedir aquela matéria hackeada que está na mão do , na mão do Lula. Tem meu nome lá. Alguma coisa já passaram para mim. Vocês vão cair para trás”, afirmou Bolsonaro a apoiadores no Alvorada. “Você vê a perseguição ali, conversas de autoridades falando como é que entravam na minha vida financeira, da minha família. Você pode entrar, mas tem que ter uma ordem judicial. Respeita a lei? Não respeita. Eu quero pegar o cara que vendia informações. Dentro do Coaf, por exemplo. Eu já tenho alguma coisa, que tem chegado para mim, agora vou conseguir. Espero que o Supremo me dê”, disse o presidente, sem, no entanto, detalhar a acusação.

Mensagens hackeadas foram reveladas em junho de 2019 pelo site The Intercept Brasil. Pouco mais de dois meses depois, a Polícia Federal prendeu um grupo de responsáveis pelo vazamento e descobriu que os ataques virtuais também tinham como alvo integrantes da cúpula da República, incluindo Bolsonaro. Nenhuma conversa do presidente, porém, chegou a ser divulgada. Até hoje a PF não descobriu quem encomendou o ataque. “O que conseguiram contra eu (sic), Jair Bolsonaro? Não tem nada, pô. Agora ficam em cima de filho, em cima de esposa, de parente, amigo, advogado que advogava para mim”, afirmou o presidente, citando decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) que considerou irregular um relatório do Coaf sobre movimentações financeiras de Frederick Wassef, ex-defensor de Flávio.

O tribunal também determinou que a PF investigue desvios na elaboração do documento. “Algumas pessoas lá dentro fazem a coisa errada. Se não fizessem, o TRF-1 não teria anulado o processo contra aquele advogado”, completou o presidente.

A defesa de Flávio também suspeita que servidores da Receita acessaram seus dados ilegalmente e tenta usar isso como argumento para anular o caso.

Lava Jato

As mensagens hackeadas de Moro e procuradores indicam possível interferência do então magistrado nas investigações da Lava Jato, orientando os procuradores especialmente nas investigações contra Lula. Os ex-juiz e os procuradores afirmam não reconhecer as conversas.

Agora, ao pedir acesso às mensagens e dizer que vai divulgá-las, Bolsonaro se alia à estratégia de Lula de desgastar a imagem Moro, que surge como possível adversário dos dois na disputa eleitoral de 2022. O ex-juiz pediu demissão em abril acusando o presidente de tentar interferir na PF. Um inquérito no STF apura o caso e, no extremo, pode levar a condenação e perda de mandato de Bolsonaro.

Eleições

Segundo o Estadão apurou com integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR), se Bolsonaro pretende obter o material dos , o chefe do Executivo deve acionar não o Supremo, mas a do Distrito Federal, onde tramitam as investigações da Operação Spoofing.

Procurada pela reportagem, a Advocacia-Geral da União informou que “não comenta processos em juízo ou eventuais estratégias processuais”. Coaf, Moro e os procuradores da Lava Jato não se manifestaram.

fonte: Midiamax

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.