‘Bancada do açúcar’ no Congresso pressiona Bolsonaro a manter tarifas sobre etanol dos EUA

Um grupo de legisladores brasileiros exerceu uma pressão final na quinta-feira (27) para tentar convencer o presidente Jair Bolsonaro a não reduzir as tarifas sobre o etanol importado dos Estados Unidos, um pedido importante do governo de Donald Trump.

Bolsonaro tem até segunda-feira (31) para decidir se renovará ou encerrará a tarifa de 20% sobre o etanol imposta a cada galão após o país, após importar uma cota livre de 13 milhões de galões (750 milhões de litros).

Enquanto diplomatas norte-americanos e produtores de milho pressionam por uma isenção de tarifas zero para o etanol do país, parlamentares brasileiros ligados à indústria da cana-de-açúcar têm feito lobby pelo fim da cota e o restabelecimento de uma tarifa de 20% sobre todo o etanol importado.

“Temos um grande apreço pelos EUA, um país com o qual compartilhamos valores e ideais, mas os interesses americanos não podem vir antes dos brasileiros”, disseram 39 parlamentares de 13 partidos, em sua maioria de direita e centro-direita, em uma carta enviada a Bolsonaro.

A negociação do etanol é hoje peça central na relação comercial entre os dois países.

Em uma carta enviada na semana passada ao representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, 20 legisladores americanos instaram o governo Trump a pressionar o Brasil a retirar suas tarifas.

“O tratamento injusto do Brasil ao etanol dos EUA cria tensões econômicas em toda a indústria de etanol dos EUA, especialmente durante um ano em que COVID-19 está devastando a demanda de combustível em nosso país”, argumentaram eles na carta datada de 20 de agosto.

Os parlamentares estadunidenses disseram na mesma carta que o Brasil foi o maior mercado de exportação de etanol dos EUA no ano passado, comprando US$ 493 milhões (R$ 2,75 bilhões) em etanol do país.

O embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, também pressionou Brasília a suspender as tarifas sobre o etanol, em pelo menos uma ocasião mencionando que isso poderia influenciar o voto do estado de Iowa nas eleições presidenciais dos EUA.

O lobby de Chapman sobre o etanol, que foi relatado no mês passado, levou o presidente democrata do Comitê de Relações Exteriores da Câmara a exigir que Chapman fornecesse garantias por escrito de que não estava pedindo ao governo de Bolsonaro que apoiasse a reeleição de Trump.

O deputado Eliot Engel, em uma carta de 31 de julho para Chapman, afirmou que tais ações potencialmente violariam a Lei Hatch de 1939, que proíbe funcionários do poder executivo de fazer política partidária. Chapman negou veementemente cruzar qualquer linha legal.

 

Fonte: Conteúdo ms

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