Assédio: Epidemia Invisível
Primeiro pare tudo e conte até 2. Terminou? Mais uma mulher foi vítima de assédio no Brasil. A cada 2 segundos uma mulher é vítima de violência no nosso País, conforme os Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha. E não só os segundos são poucos, posto que uma parcela mínima das mulheres vítimas dessa violência procura ajuda especializada para curar o trauma e, sequer, procuram a polícia para registrar o ocorrido.
Nas duas últimas décadas, a violência de todos os tipos contra a mulher tem sido reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema de saúde pública. Dentre tais tipos de violência, temos aquele que é o mais silencioso e temido: o assédio, o qual subdivide-se entre sexual, moral, verbal, virtual e psicológico.
O assédio tornou-se uma epidemia invisível porque muitas mulheres relutam em buscar o atendimento, não o procuram logo após a violência e até mesmo pensam que por serem mulheres e estarem em condição inferior hierárquica não são vítimas.
Constrangimentos causados em contextos de atendimentos especializados, tais como aqueles momentos íntimos verificados na relação médico-paciente, também podem configurar assédio (art. 216-A, parte final, do Código Penal). A partir daí, inicia-se o problema na saúde pública.
Segundo informações prestadas pelo Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo/SP, quando uma paciente apresenta os indícios de assédio, não há a necessidade de tratar somente o fisiológico da mulher. Uma das maiores necessidades da vítima é o tratamento psicológico, haja vista as feridas deixadas na vida sexual, afetiva, social e profissional da assediada.
É importante reconhecer quando se é vítima de assédio e buscar ajuda, porque a ferida sem tratamento tende a crescer, aumentando a dor e o sofrimento. Além de que permenecer em silêncio de maneira indireta contribui para que o agressor propague essa violência.
Como saber a diferença entre um possível crime de assédio e um elogio? Simples. Um elogio não deixa a mulher constrangida e ofendida, já o assédio desrespeita o espaço da mulher, invadindo sua indivualidade de forma ofensiva.
Não permita que interfiram na sua liberdade, denuncie e procure atendimento especializado. Independente do que digam, e possivelmente irão dizer alguns absurdos, tenha segurança sobre quem você é e a certeza de que não está sozinha.
O disque-denúncia é o número 180. Através desse contato a vítima recebe apoio e orientações. Você pode romper essa cadeia de violência. Se você foi vítima desse crime, procure atendimento especializado.
Dra. Dafne Guenka