Quem vai pagar o preço pelo desastre que se aproxima
Um dia, no futuro, vão ser feitas as contas exatas e finais do custo que a Covid-19 trouxe para o Brasil, mas aí já vai ser tarde demais – o mal estará feito, e nenhum esforço, seja dos governos ou de quem for, vai ser capaz de devolver mais adiante o que foi perdido hoje.
Vidas humanas “não têm preço”, como dizem desde o começo disso tudo a maioria dos políticos, homens considerados como “de ideias” e aproveitadores diversos; por conta disso, todos os atos de destruição que vêm sendo praticados no país em nome do combate ao vírus têm de ser apoiados. “Salvar vidas”, nesta visão de mundo, é mais importante que salvar “empregos”, “empresas”, etc. Desde o começo, sempre foi um argumento falso. Não vai deixar de ser só porque passa mais tempo e aumenta o número de mortos.
Não é aceitável, obviamente, que para cuidar de vidas seja necessário arruinar o Brasil ao mesmo tempo. Mas é exatamente isso que está sendo proposto pela maior parte da gente que manda. As pessoas que não estão doentes também têm vidas a serem preservadas — a obrigação mais básica dos governos e demais responsáveis pela gestão da sociedade é tratar com o mesmo empenho das duas coisas, a saúde pública e a sobrevivência de todos os cidadãos.
A calamidade da Covid-19 atinge o mundo todo. No Brasil, vem em duplicata
É uma desgraça, para o Brasil, que uma grande parte das autoridades públicas tenham decidido dobrar o custo que a pior epidemia da história recente está trazendo para as pessoas. Não basta a morte de 11.000 cidadãos em dois meses pela Covid-19, nem o sofrimento sem limites imposto às famílias que sofreram perdas de gente querida, nem as vidas arruinadas por este flagelo. Governadores, prefeitos e burocratas, cedendo ao pânico, à estupidez e ao interesse político mais grosseiro, estão castigando os cidadãos com atos de franca e aberta demência.
Sem qualquer restrição por parte da justiça, investem todo o seu tempo e energia na invenção de novas proibições, obrigações e castigos para atormentar cada vez mais os milhões de cidadãos que continuam vivos. A desculpa é que tudo o que estão fazendo é para o “próprio bem” da população. Mentira. É apenas o fruto da sua incapacidade para lidar com problemas graves e do seu oportunismo.
“As demonstrações dessa corrida em busca da insensatez estão presentes no Brasil inteiro – da mesma maneira como ninguém está livre do vírus, ninguém está livre da presença de governos. Mas é provável que nenhum outro lugar do país esteja sofrendo tanto com essa infecção quanto São Paulo.”