“A crise socioambiental e a inércia governamental”

Em um Brasil em que a realidade se tornou um cenário de desolação e abandono, o espetáculo de horror ambiental e social desenrola-se diante dos nossos olhos. O Pantanal, esse mosaico de vida selvagem e beleza, é consumido pelas chamas, e a Amazônia, pulmão do mundo, vê-se sufocada pelo desmatamento desenfreado. Rios, que deveriam ser sinônimo de vida, se transformam em esgotos a céu aberto, e enquanto a natureza agoniza, os verdadeiros defensores do nosso patrimônio ambiental, os servidores dos órgãos de proteção, lutam por salários justos e condições dignas de trabalho.

E no meio dessa tragédia, a famigerada “reforma tributária” avança, concedendo privilégios a uma elite privilegiada e ignorando as necessidades da maioria da população. O Brasil, que antes era um símbolo de esperança e promessas, agora arde em chamas — tanto as literais quanto as metafóricas.

Nosso maior desafio é fazer com que a sociedade compreenda que enfrentar os problemas ambientais exige uma transformação profunda nas desigualdades e desequilíbrios do sistema econômico atual.

O planeta Terra levou bilhões de anos para criar as condições de vida que conhecemos — a água, o ar, as florestas, os animais, os peixes. E, no entanto, o ser humano, que se julga o mais inteligente, está acelerando a destruição desse delicado equilíbrio.

No Brasil, cerca de 95% da Mata Atlântica foi obliterada, restando apenas fragmentos do cerrado no Centro-Oeste e em Mato Grosso do Sul, e a Floresta Amazônica segue sendo dizimada. No cenário global, as florestas originais também foram devastadas.

Essa tragédia é uma dívida e uma falha grave do poder público em todos os níveis — municipal, estadual e federal — assim como do poder judiciário, dos órgãos ambientais, de todas as entidades públicas e privadas e de cada cidadão consciente.

A pergunta que ressoa é:

“Quem ainda tem esperança de justiça neste país?”

Este é um grito de desespero, um chamado urgente diante da paralisia governamental e da destruição do nosso patrimônio natural. O Brasil precisa despertar e exigir mudanças, antes que seja tarde demais.

A hora é agora. O momento é este. O chamado é para todos.

Que o Brasil seja, enfim, um país de todos.

Por Alcina Reis

Jornalista Alcina Reis | Créditos: Arquivo pessoal