Poupança bate Bolsa e é melhor investimento do mês, mas perde da inflação

O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira B3, emendou a quinta queda mensal seguida, enquanto o dólar caiu pela primeira vez ante o real após dois meses de alta. O destaque positivo do período então foi a poupança, que aumentou o rendimento dos investidores graças à alta da Selic feita pelo Banco Central este ano.

Mas a poupança ainda está perdendo da inflação, que teve em novembro a maior alta para o mês desde 2002.

Veja abaixo em detalhes o que influenciou o mercado brasileiro em novembro, como o aparecimento de outra variante do coronavirus, e os cenários traçados por especialistas ouvidos pelo UOL.

Reação abortada

O Ibovespa até ensaiou uma reação no mês, chegando a subir 4% até 11 de novembro, mas acabou impactado por dois fatores. No Brasil, pela divulgação de indicadores de queda para o setor de serviços, que afetou ações de empresas de varejo; e, no exterior, pelo aparecimento da nova variante do coronavírus, a ômicron, que realimentou receios de que a nova cepa volte a afetar a retomada da economia mundial.

O dólar, que tinha caído 4,3% no mês até 11 de novembro, inverteu a trajetória e passou a subir, retornando ao patamar de R$ 5,60, mas acabou fechando o período com leve variação negativa — só que ainda com alta no ano de 8,6%.

O Ibovespa começou novembro se recuperando, até porque tinha caído muito neste segundo semestre. Mas aí surgiram no radar esses fatores que criam incertezas e que podem atrapalhar a retomada da economia.

Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos

Desempenho dos investimentos em novembro

Confira como foi o desempenho de alguns dos principais ativos do Brasil em novembro.

Poupança: +0,45%

Ouro: +0,31%

Dólar: -0,19%

Ibovespa: -1,53%

Ifix: -3,59%

 

Acumulado no ano

Com mais esse desempenho negativo em novembro, os investimentos de renda variável, como Bolsa e fundos imobiliários, ampliaram as perdas acumuladas no ano.

Bolsa em queda

O Ibovespa voltou aos piores patamares desde novembro do ano passado, enquanto o Ifix, índice das cotas dos fundos imobiliários negociados na Bolsa, voltou aos preços de maio de 2020.

Papéis e índices de ações de empresas que dependem mais do consumo doméstico, como Iconsumo, por exemplo, recuaram 6% no mês e acumulam baixa de 25% no ano.

Mas há ações com desempenho melhor, como aquelas do setor de energia elétrica ou as de produtoras de matérias-primas, casos de mineradoras e siderúrgicas.

O Imat Básico, que acompanha ações de commodities (matérias-primas), subiu 3,5% em novembro e voltou a ter valorização acumulada em 2021, de 2,4%. Já o IEE, de energia elétrica, avançou 3% neste mês — embora siga com variação negativa no ano, de 7,5%.

A gente tem visto na Bolsa a saída de pessoas físicas. É o estrangeiro é que está comprando [ações]. E aplicador estrangeiro busca mais as blue chips, [ou seja] as ações de maior peso no Ibovespa mesmo, [como é o] caso do setor de commodities.

Mauro Orefice, diretor de investimentos da BS2 Asset

Dólar segue nas alturas

O dólar manteve a força ante o real no ano, sendo negociado ao redor dos maiores patamares em seis meses. Além de funcionar como proteção em momentos de incertezas, a moeda americana é também favorecida pela expectativa de aumento de juros nos Estados Unidos, que pode ser antecipado.

Para o economista Alexsandro Nishimura, chefe de conteúdo e sócio da BRA Investimentos, a alta do dólar ganha força nesse final de ano — principalmente depois que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) sinalizou que pode antecipar a retirada do programa de injeção de moeda na economia, com redução das compras de títulos. E esse movimento fortalece o dólar ante outras moedas.

Desempenho dos investimentos no ano

Dólar: +8,6%

Poupança: +2,50%

Ouro: +1,27%

Ifix: -10,14%

Ibovespa: -14,37%

 

O que resta, ainda, para 2021?

Para o último mês do ano, profissionais de mercado ouvidos pelo UOL apontam que uma reação positiva da Bolsa não está descartada, mas que isso depende de dois aspectos fundamentais.

1. PEC dos Precatórios no ambiente doméstico

A aprovação da PEC dos Precatórios no Senado reduz em parte as dúvidas do mercado sobre gastos do governo ano que vem. Esse é o principal fator que tem alimentado a alta do dólar no Brasil e, por tabela, da inflação, que por sua vez está levando o Banco Central a elevar os juros. Como resultado, há uma combinação que atrapalha a retomada da economia.

Se a PEC for aprovada sem grandes surpresas, podemos até ter rally (alta forte) de fim de ano na Bolsa porque estamos com as ações a preços muito descontados em relação a outras Bolsas internacionais.

Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos

2. Ômicron no ambiente internacional

Segundo Rodrigo Fontana, gestor de recursos da Guide Investimentos, para retomar a alta o Ibovespa também precisa de uma ajuda das Bolsas internacionais, que podem voltar a subir com mais rapidez se a nova variante ômicron não se mostrar perigosa, a ponto de interromper a reabertura da economia mundial.

Se esses fatores que influenciaram o mercado em novembro continuarem presentes em dezembro, aponta a especialista em investimentos e educação financeira do PagBank, Luciane Almeida, investidores mais conservadores tendem a seguir retraídos na Bolsa.

 

Investidores que têm perfil conservador ou moderado, e que não aguentam a oscilação, tendem a diminuir a exposição ao risco. Já para os investidores mais agressivos, pode ser uma oportunidade para aumentar posições em Bolsa.

Fonte: Conteúdo ms

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