Guedes descumpre promessa de 4 privatizações em 90 dias

O ministro Paulo Guedes (Economia) não cumpriu a promessa de vender 4 estatais no prazo de 90 dias.

Nós vamos fazer 4 grandes privatizações nos próximos 30, 60, 90 dias”, disse Guedes em 6 de julho. “Eu gostaria de privatizar todas as estatais. Há muito valor escondido debaixo das estatais. As subsidiárias da Caixa são 1 bom exemplo. Ali, há R$ 30 bilhões, R$ 40 bilhões ou R$ 50 bilhões em 1 IPO grande”. 

O chefe da equipe econômica está enfraquecido e com relações desgastadas no governo e no Congresso. No período, o Brasil também não “surpreendeu” com a atração de investimentos, como disse que seria feito.

Há 3 meses, Guedes declarou que a queda do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil seria muito menor do que a estimada pelo mercado. Na época, as projeções dos operadores indicavam retração de 6,5% na economia brasileira em 2020. Os cálculos mais recentes apontam queda de 5,04%, o que demonstra 1 cenário melhor do que o inicialmente esperado.

Além de não cumprir a promessa de 4 empresas privatizadas (entre elas, Correios e Eletrobras), o ministro viu uma fuga de capital externo no período com o receio dos investidores com o descontrole fiscal.

O chefe da Economia também protagonizou embates no período. Sugeriu que as privatizações não andaram porque o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez acordo com a esquerda. Em resposta, Maia chamou Guedes de “desequilibrado”.

Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) também foi ofendido por Guedes. Na 6ª feira (2.out.2020), o ministro da Economia disse que o chefe do Desenvolvimento Regional é “desleal, despreparado e fura-teto”, caso se confirmassem declarações feitas para investidores. Em nota, Marinho declarou que suas afirmações “chegaram à imprensa de maneira distorcida”.

Durante audiência pública virtual da Comissão Mista de Acompanhamento das Medidas Relacionadas ao Coronavírus do Congresso em 30 de junho, Guedes citou os setores de gás natural, petróleo, saneamentos, cabotagem e setor elétrico como vetores de grandes investimentos até início de outubro.

“Cinco grandes frentes de investimentos para destravar juridicamente as fronteiras de investimentos”, declarou o ministro à época. Ainda nesta 6ª feira (2.out.2020), manteve o discurso e reforçou o argumento de que a recuperação seria em formato gráfico de “V”, quando há uma queda brusca seguida de volta rápida da atividade.

Em agosto, o Brasil criou 250 mil empregos com carteira assinada. Guedes comemorou o resultado e disse que confirma a retomada forte da economia.

No período de 90 dias, porém, o mercado financeiro operou com desconfiança com uma possível saída de Paulo Guedes do governo. Na 2ª semana de agosto, houve pronunciamento coletivo dos presidentes Jair Bolsonaro, Rodrigo Maia, da Câmara, e Davi Alcolumbre, do Senado, além do ministro, para firmarem o compromisso com o teto dos gastos e com a política econômica de Paulo Guedes.

O czar da Economia chegou a ser desautorizado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro. Ainda não é descartada por completo a saída do ministro do governo. Com apenas parte da equipe que iniciou os trabalhos, em 2019, Guedes está mais enfraquecido, segundo analistas.

PIORA NAS EXPECTATIVAS

Além de ser agora desafeto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Paulo Guedes se afastou das relações com os congressistas. Para operadores do mercado financeiro, ele é a principal figura do governo que pode manter o compromisso do Executivo em seguir a agenda de reformas e medidas de ajuste fiscal. O seu enfraquecimento foi sentido nas negociações dos ativos.

No dia 6 de julho, dia que foi feita as promessas de privatizações e atração de investimentos, o Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), estava em nível mais alto do que o atual: 98.937 pontos. Fechou aos 94.015 pontos nesta 6ª feira (2.out.2020), depois de cair 3,08% na semana –pior desempenho desde maio.

 

Fonte: Conteúdo ms

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