FAZENDO O TERNO…

Marquinhos Trad, no dia seguinte à sua vitória no segundo turno da eleição de 2016, buscou e conseguiu agenda com o governador do estado, que era o comandante do maior partido adversário da época; e, na sequência foi falar com o Presidente do TJMS, com o presidente do TCE, com o Procurador-Geral de Justiça e com todos os vereadores atuais e eleitos. Disse em cada uma dessas agendas, que a campanha eleitoral estava encerrada, que ele foi eleito para ser o prefeito de todos os campo-grandenses e que precisava contar com o apoio e participação de todos… INDISCUTIVELMENTE, UM GESTO QUE DIGNIFICA OS GRANDES LÍDERES!

Alcides Bernal, após uma vitória emblemática para prefeito em 2012, não querendo entender que após a vitória era preciso assumir a cadeira e administrar a cidade, continuou no palanque político, mantendo adversários e estabelecendo a discórdia com a Câmara de Vereadores… DEU NO QUE DEU!

Bolsonaro, contra tudo e contra todos, ganhou uma eleição histórica, virou presidente, mas não assumiu a República. Preferiu, à semelhança de Bernal aqui no nosso exemplo doméstico, permanecer em campanha, continuar no palanque político, arregimentando adversários… POIS, É!

Esse tipo de atitude subtrai a paz nacional e acaba criando um terreno fértil à implantação de medidas drásticas. Por conta disso, não são poucos os pedidos já ajuizados no parlamento federal postulando a cassação do Presidente.

A história mostra que um impeachment para ser levado a efeito necessita, cumulativamente, do concurso de três fundamentos: 1) Político; 2) Popular; e, 3) Jurídico.

No caso Collor, que sequestrou a poupança do povo, que se exibia fazendo “cooper” pelas ruas, pilotando jatos da FAB pelo céu de Brasília, saltando com “jet-ski” no Lago de Paranoá, estampando frases de impacto, como “Não fale em crise. Trabalhe”, em suas camisetas e que, por fim, deu as costas ao Congresso, o FUNDAMENTO POLÍTICO passou a se fazer presente já no primeiro ano. Ou seja: a classe política passou a querer.

Mas ele ainda mantinha certo apoio popular que, aos poucos, porém, foi se perdendo, até que um dia, ao cobrar que o povo, em sua defesa, fosse às ruas vestido com as cores do Brasil, a resposta foi estrondosa: a juventude pintou a cara de preto e tomou conta das ruas do país. Ali nasceu o FUNDAMENTO POPULAR para o impedimento.

Faltava, apenas, o jurídico. Para tanto, muitas empreitadas foram encetadas, a vida do homem foi completamente devassada e nada era encontrado. Até o irmão dele, Pedro Collor, entrou na arena para cavucar provas contra o homem. Foi assim até que, um dia, chegaram ao seu motorista, Eriberto França, o qual, ao delatar a compra de um veículo (Elba, Fiat) com dinheiro sujo, contribuiu para a produção do FUNDAMENTO JURÍDICO… E deu no que deu.

No caso Dilma, foi mais fácil. A relação dela com o classe política não era boa e a sua vitória na eleição de 2014, com pouca diferença de votos, foi muito questionada e, aproveitando a presença de grande massa populacional nas ruas liderada pelo Movimento Passe Livre, foi um pulo para o slogan “FORA DILMA”. Assim, presentes os fundamentos político e popular só faltava o jurídico. Uma denúncia sobre a ocorrência de “pedalada fiscal” no governo dela foi a pá de cal…

POIS BEM!

Bolsonaro tem provocado uma crise institucional sem precedentes na história. Tem participado de manifestos onde populares pregam o “Fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal”. Para completar, no dia 20 de abril, em resposta às críticas por ter participado de evento onde populares exibiam faixas com dizeres afrontosos à nossa democracia, cravou a seguinte sentença: “EU SOU A CONSTITUIÇÃO!”.

Mais recentemente, ao dizer que sua paciência chegou ao limite, que não tem mais conversa e que as Forças Armadas estavam ao seu lad…

Antônio Cezar Lacerda Alves

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