A Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito) estabeleceu o programa Parceiros do Bom Condutor, que apoia empresas e instituições a oferecer incentivos a condutores cadastrados no programa Bom Condutor. O programa voltado para empresas, instituído pela Portaria 1068/2023, estabelece que as interessadas em participar precisam comunicar a Senatran, por meio da conta gov.br. No site gov.br, a empresa interessada deverá logar com o e-CNPJ e preencher um cadastro com razão social, nome comercial, e-mail, número de telefone e informar o link onde estarão disponíveis as informações sobre os benefícios a serem ofertados. Após análise, a empresa passa a constar na lista de benefícios do site da Senatran e no aplicativo da Carteira Digital de Trânsito. Além disso, receberá o selo de Parceiro do Bom Condutor para divulgar em portais, redes sociais, aplicativos e nas ações promocionais da empresa ou instituição. O Senatran publicou ainda a Portaria 1069/2023, que instituiu o grupo de trabalho para fomentar a adesão de órgãos e entidades do setor público e privado ao programa. “Editamos duas portarias: uma para deixar claro aos órgãos e empresas como podem participar ofertando benefícios e outra criando um grupo de trabalho para que possamos estimular que mais empresas ofertem benefícios”, afirmou o secretário Nacional de Trânsito, Adrualdo Catão, no momento do lançamento das portarias. Benefícios aos condutores O Bom Condutor nasceu com a intenção de oferecer descontos e isenção de taxas em serviços como estacionamento, tarifas de pedágio, locação de serviços e seguro para automóveis para condutores que não tiverem cometido infrações nos últimos 12 meses. O diretor de Habilitação de Trânsito do Detran-MS, Luiz Fernando do Santos, explica que o Cadastro Positivo da CNH é um sistema de pontuação que registra o histórico de conduta de condutores com objetivo promover a educação no trânsito e incentivar a condução responsável. “Isso incentiva os condutores a adotarem um comportamento mais responsável que pode contribuir para redução do número de infrações, de acidentes e até mesmo de mortes nas vias públicas”, explica Luiz Fernando. Os condutores que quiserem aderir ao cadastro positivo podem acessar o aplicativo Carteira Digital de Trânsito (CDT), no link condutor. Emmanuelly Castro, Detran-MS Foto destaque: Álvaro Rezende
O progresso da hidrovia Paraguai-Paraná pode decretar o fim do Pantanal. É o que alertam os cientistas no artigo publicado na revista Science of The Total Environment, na edição que será lançada em janeiro de 2024. O estudo revela que o ressurgimento do projeto de navegação conhecido como Hidrovia Paraguai-Paraná ameaça a integridade de todo o bioma.
No artigo, assinado por 42 cientistas brasileiros e estrangeiros, especialistas denunciam que o avanço da hidrovia pode acarretar danos irreparáveis ao Pantanal. Atualmente, a hidrovia tem operação concentrada na Argentina, mas há estudos para a operação em território brasileiro. O projeto prevê o aprofundamento de 700 km do canal natural do Rio Paraguai em seu trecho superior, no entanto, isso resultaria em níveis mais baixos de água e na redução do ecossistema da planície de inundação.
O Rio Paraguai que flui através do Pantanal é a última grande paisagem fluvial da América do Sul que ainda possui uma estrutura quase natural. Por isso, esse aprofundamento afetaria regiões de alto valor ecológico, incluindo parques, terras indígenas e outras áreas protegidas, reconhecidas como patrimônios mundiais e reservas da biosfera pelas Nações Unidas.
“A sua existência depende do regime natural de fluxo, que proporciona um padrão natural de cheias e secas numa vasta área”, defendem os cientistas no artigo.
Impactos socioambientais da hidrovia Paraguai-Paraná
A Hidrovia Paraguai-Paraná surgiu como um projeto de melhoria da navegabilidade e da infraestrutura da região. Nesse sentido, o aprofundamento do rio permitiria a navegação, mesmo em períodos de seca, de barcaças lotadas de itens como soja, açúcar, milho, cimento, ferro e manganês até portos oceânicos na boca do Rio da Prata e, dali, ao mundo.
O complexo hidroviário compreende a cidade de Cáceres, no Mato Grosso, até Nueva Palmira, no Uruguai, totalizando cerca de 3,4 mil quilômetros. A via fluvial percorre cinco países: Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, passando pelas cidades de Corumbá e Assunção.
Concebido em 1980, o projeto da hidrovia surgiu com a intenção de permitir o tráfego de barcaças 24 horas por dia. Na época, diversos estudos apontavam que o tramo norte, onde está o Pantanal, seria a região mais impactada com drenagem de extensas regiões, o que resultaria na perda de biodiversidade e alteração na dinâmica ecológica de todo o sistema.
Apesar dos avanços do projeto para expansão no Brasil, a construção que pode impactar diretamente o Pantanal ainda não teve andamento no país. Em 2002, a Justiça brasileira determinou um novo estudo de impacto ambiental para que a operação da hidrovia fosse liberada. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) também teve de reanalisar todo o projeto.
Em agosto deste ano, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou que o Governo Federal vai apresentar um projeto de expansão da hidrovia até 2026. Sem detalhar o projeto, o ministro afirmou que a operação da hidrovia no Brasil é uma das prioridades da agenda internacional do presidente Lula (PT).
Promessa de ‘progresso’ abre caminhos para destruição
Com extensão total de 165.840 km, com porções no Brasil de 151.939 km (91,6%), Bolívia 10.924 km (6,6%) e Paraguai 2.980 km (1,8%), o Pantanal é a maior área úmida contínua de água doce na Terra.
Em julho deste ano, a ONG Ecoa (Ecologia em Ação), sediada em Mato Grosso do Sul, alertou que as diversas obras que prometem trazer ‘progresso e desenvolvimento’, como a abertura de estradas em rodovias da região, podem, na verdade, estar acelerando a destruição do Pantanal.
Além dos impactos ambientais diretos, as obras vão na contramão da preservação ambiental, uma vez que estimulam a chegada de novas empresas, que, segundo a entidade, estariam mais interessadas em maximizar seus lucros do que preservar a biodiversidade e a cultura pantaneira.
Dados do Relatório Anual do Desmatamento do MapBiomas indicam que o Pantanal registrou a maior taxa de desmatamento do quadriênio em 2022. Em todo o período (2019-2022), foram 101 mil hectares desmatados, o que equivale a quase o tamanho da cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Segundo a ONG, a falta de legislações específicas para proteger o bioma, acelera o desmatamento e a hidrovia Paraná-Paraguai é uma sentença de morte para o Pantanal.
“Na navegação dos comboios de barcaças, o megaprojeto exige obras pesadas. Seria necessário explodir rochas, acabar com as curvas dos rios e aprofundar o leito do rio Paraguai”, destaca.
Para evitar a extinção do bioma, os cientistas defendem o uso de meios alternativos para o transporte das commodities produzido em cada país, como as ferrovias.
Desastre ambiental causado pelo fogo castiga o Pantanal
Os incêndios, que mais uma vez consomem o Pantanal em 2023, podem representar um novo desastre ambiental para o bioma que sofreu ao ser consumido pelas chamas em 2020. Naquele ano, 26% do território do Pantanal foi destruído pelo fogo.
A intensa onda de calor registrada em Mato Grosso do Sul, com temperaturas entre 38°C e 43°C, aliada aos baixos índices de umidade relativa do ar, entre 10% e 30%, tem contribuído para a propagação dos focos de incêndio. Segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul), essas condições são intensificadas pelo El Niño.
Neste ano, segundo ambientalistas, a nova onda de incêndios teve inícios a partir de raios registrados na região do Paiaguás, no norte do Pantanal, na região do Mato Grosso. As chamas se alastraram para Mato Grosso do Sul e o bioma tem cerca de 1 quilômetro de extensão consumido por incêndio a cada hora.
Cinco cidades de Mato Grosso do Sul decretaram situação de emergência em razão dos focos de incêndio. O Governo do Estado usa todo o aparato de combate ao fogo para tentar conter as chamas.