Vereadores criticam transporte coletivo de Campo Grande, mas descartam CPI do Consórcio

Vereadores criticaram aumento da tarifa e serviço de má qualidade do Consórcio Guaicurus – Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

O novo valor da tarifa do transporte coletivo de Campo Grande ao usuário ainda não foi definido pela prefeita Adriane Lopes (Patriota), mas já gera debate entre os vereadores.

Parlamentares ouvidos pelo Correio do Estado foram unânimes ao dizer que o transporte coletivo da Capital precisa de melhorias.

No entanto, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Consórcio Guaicurus, protocolado em fevereiro do ano passado, com coleta de assinaturas suficientes para que fosse instaurada, não deve sair do papel neste ano.

A discussão atual é referente ao reajuste da tarifa aos usuários, tendo em vista que a tarifa técnica ficou em R$ 5,80, mas o valor aos passageiros deve ficar abaixo e está em discussão.

O vereador Professor André afirmou que a proposição completou um ano e está parada na Mesa Diretora, que deve decidir sobre a questão, mas ressaltou que a comissão não deve sair do papel.

“Acho que não sai a CPI, porque na verdade muitos entendem a CPI como movimento político. Eu sou um técnico, eu entendo como a necessidade técnica da gente entender todo o procedimento, mas a gente vai levar com a barriga mais um ano infelizmente”, lamentou.

Quanto ao reajuste da tarifa, ele afirma que é apenas uma parte, mas que deve o problema deve ser resolvido na base.

“Nos preocupa essa sequência de reajustes sem uma prestação de contas efetiva para a população, porque a gente entende que esse reajuste é mais uma gambiarra, que a gente tem que resolver um problema básico, a baixa utilização do transporte público em Campo Grande”, disse.

“Quanto menos usuário, maior vai ter que ser o subsídio. Então, a gente tem que reverter isso, tem que fazer uma prioridade pro transporte público e que não tá acontecendo”, acrescentou.

O vereador, presidente da Comissão de Mobilidade Urbana da Câmara, disse ainda que é a favor da privatização dos terminais, que estão precários.

“A CPI traria, sem dúvida, uma evolução nesse pensamento e saber onde é que está a falha, porque a gente tem que priorizar o transporte coletivo. Do jeito que a gente vai, a gente vai fazer mais uma gambiarra política que é mais subsidiar novamente sem resolver o problema que é priorizar o transporte público”, concluiu.

O vereador Beto Pereira também ressaltou que a má condição do transporte público de Campo Grande e afirmou que se trata de um problema nacional.

“Há uma reclamação geral e com razão das más condições dos ônibus, diminuição de linhas, o não fornecimento de um serviço com qualidade, isso é patente, público e notório”, disse.

Quanto ao aumento pedido pelo Consórcio Guaicurus, Beto ressalta que ainda faltam ser definidos os subsídios, mas que não será concedido aumento abusivo.

“Além de não estar prestando um transporte público de qualidade, ainda ter um aumento abusivo não seria o correto. Então a prefeita não concorda com esse aumento abusivo e estão tentando subsidiar o máximo possível para que esse aumento não venha atingir o bolso do da população de Campo Grande”, disse.

Valdir Gomes dusse que é uma vergonha aumentar a tarifa com o transporte que vem sendo oferecido à população.

“A população não pode pagar uma coisa que ela não tem, a população não pode pagar um coletivo que não atenda a contento. Então, eu sou contra tudo e qualquer aumento de tarifa, enquanto não resolver essa situação”, afirmou.

Quanto a CPI, ele disse que a melhor opção seria uma resolução conjunta entre Câmara, prefeitura e Judiciário.

“A CPI enrola demais e não tem o resultado imediato, o que precisa é trazer na mesa de negociação e dar um basta nessa situação”, opinou.

Vereador Coringa ressaltou que, além dos subsídios, a Câmara também deve aprovar isenção de impostos ao Consórcio Guaicurus e, por este motivo, se posicionou contra o aumento da tarifa.

“Eu acho que não deveria ter aumento, até porque eles [Consórcio Guaicurus] estão ganhando um monte de subsídio. Agora vamos discutir, vamos colocar em pauta, eu acho que nós já temos o transporte mais caro do Brasil, mais capenga, então sem investimento também não há como a gente dar aumento nesses casos”, pontuou.

Ele também se manifestou a favor da CPI.

“Eu acho que todas as possibilidades para investigar e saber da verdade dessa caixa preta do Consórcio Guaicurus, a gente tem que usar, até porque a sociedade tem que saber o que está entrando de dinheiro público”, ressaltou.

Ronilço Guerreiro (Podemos) disse que assinou a favor da CPI do transporte, sendo, portanto, a favor.

O vereador é a favor também da chamada tarifa zero, ou seja, transporte coletivo gratuito.

“Com tarifa zero com certeza o trabalhador vai poder procurar emprego, vai poder passear, vai poder ir fazer tratamento de saúde. O problema é que o transporte coletivo de Campo Grande ele não é público, ele é privado, é uma empresa e essa empresa tem gastos e caiu quase 50% de usuários do transporte coletivo”, disse.

“Eu acho que tem que mudar a forma de cobrar tarifa e eu acredito que todo reajuste tem que ser dentro daquilo que a população pode pagar”.

Marcos Tabosa (PDT) também defende a tarifa zero e classifica o transporte como “de péssima qualidade”.

“A população não pode continuar pagando por isso. Eu defendo, junto com o vereador Ayrton Araújo (PT) e Luiza Ribeiro (PT), porque nacionalmente já está se discutindo com o Governo Federal subsídios maiores para as empresas de transporte coletivo para que cheguem na tarifa zero”.

Segundo ele, no ano passado foram repassados subsídios do município, governo e União e não houve melhorias para a população.

“É uma vergonha, tem moradores arrumando os pontos de ônibus. O poder público não chega nesse determinado local por quê? Para pressionar a população a fazer, para sobrar dinheiro para a prefeita Adriane Lopes fazer o que mais gosta de fazer, beneficiar a família”, criticou.

Professor Juari (PSDB) disse que a crise do transporte coletivo não é só de Campo Grande, mas nacional e pontuou que o transporte público não é eficiente.

“A tarifa técnica por conta do diesel, por conta de um monte de situações, ela não tem como ser aplicada, né? Então, esse estudo entre tarifa técnica e tarifa social é a que dá a crise”, disse.

“Eu acredito que nós vamos ter que ter muito critério, muita habilidade porque quem utiliza do transporte é que está sendo prejudicado”, acrescentou.

Quanto a abertura da CPI, Juari afirma que há um risco de “acabar em pizza”.

“Uma CPI ela custa para o poder público, para a população, porque a CPI você vai contratar técnicos, vai dispor de um determinado tempo e, se no final não resolver nada, fica pior”, concluiu.

FONTE CORREIO DO ESTADO

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