Retaliação de Lula contra impeachment deve atingir 3 deputados federais de MS
Os deputados federais de Mato Grosso do Sul Dr. Luiz Ovando, Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira – Montagem
De autoria da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que alegou que o presidente Lula cometeu crime de responsabilidade, o pedido foi protocolado na noite de 22 de fevereiro na Casa de Leis e conta com a assinatura de 139 congressistas, sendo três de Mato Grosso do Sul – Dr. Luiz Ovando (PP), Marcos Pollon (PL) e Rodolfo Nogueira (PL), o Gordinho do Presidente.
O recado de retaliação do presidente Lula foi repassado pelo deputado federal José Guimarães (PT-CE) na terça-feira, e o parlamentar deixou claro que a punição poderá ter duas consequências principais: a perda de postos no Executivo – como cargos regionais – e o bloqueio no repasse de emendas parlamentares.
Apesar de o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), responsável pela abertura do processo, já ter sinalizado que não pretende levar adiante o pedido de impeachment feito pela oposição, o presidente Lula mandou avisar que não vai recuar a respeito da retaliação contra os 139 parlamentares que assinaram.
No caso dos três deputados federais de Mato Grosso do Sul, o mais penalizado, caso o governo federal resolva levar adiante a punição contra os parlamentares rebeldes, será Dr. Luiz Ovando, pois, desde o ano, ele é o único com emendas apresentadas na Câmara dos Deputados.
Conforme consulta feita pelo Correio do Estado no Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU), os deputados federais sul-mato-grossenses Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira não aparecem com nenhuma emenda parlamentar apresentada.
Por outro lado, o deputado federal Dr. Luiz Ovando, no período do ano passado até agora, apresentou 13 emendas parlamentares, que, somadas, totalizam um montante de R$ 32.013.874,52, e as maiores delas são de R$ 4.810.155,00, R$ 6.368.915,00, R$ 4.943.834,00 e R$ 7.707.867,00, beneficiando, em sua maioria, o governo do Estado.
Para Dr. Luiz Ovando, não há o que temer. “Ele [Lula] pode dificultar, mas não impedir. É impositiva, é lei. Ele tem de ficar esperto e deixar de lado as bravatas porque o pedido poderá ser pautado e, então, terá problemas”, declarou.
Já Rodolfo Nogueira disse que “esse é o comportamento de governos ditatoriais, que não sabem lidar com o contraditório”.
“É lícito e legítimo que parlamentares de oposição fiscalizem e peçam o impedimento de governos que pratiquem crimes, como é o caso de Lula, que colocou a soberania nacional em risco, ao comparar a defesa que Israel vem fazendo com o Holocausto”, destacou.
Ele completou ainda que emendas parlamentares são de direito dos parlamentares e “a ameaça de Lula é simplesmente para trazer medo àqueles que se manifestaram contra as ações absurdas deste governo”.
“A maioria das assinaturas é do PL, mas há também integrantes de partidos que têm ministérios no governo Lula – União Brasil, PSD, PP, MDB e Republicanos. Até mesmo o presidente Lira está sendo ameaçado de crime de responsabilidade por não ter divulgado a lista dos deputados que assinaram o impeachment. Estamos vivendo uma ditadura, como outrora aconteceu na Venezuela. Hoje, o parlamento tem sido duramente atacado em suas prerrogativas. Lamentável”, assegurou.
MOTIVAÇÃO
Para os 139 deputados federais que assinaram o pedido de impeachment do presidente Lula, o chefe do Executivo cometeu crime de responsabilidade ao fazer comparações entre as ações de Israel na Faixa de Gaza e as ações de Hitler contra os judeus na Segunda Guerra Mundial, que ficaram conhecidas como Holocausto.
Os parlamentares da oposição citam um trecho do artigo 5º da Lei Federal nº 1.079/50, que determina os crimes de responsabilidade contra a existência política da União.
O trecho em si diz que é crime de responsabilidade “cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade”.
“Isso enseja o pedido de impeachment que estamos apresentando contra o mandatário da nossa nação, que nos expôs a perigo de guerra, como medida da aplicação da mais inteira e urgente Justiça”, disse a autora do pedido para a imprensa, deputada federal Carla Zambelli.
Com receio da retaliação anunciada pelo presidente Lula, a secretaria-geral da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados não quis divulgar a lista oficial de deputados federais que assinaram o pedido de impeachment.
O jornal Folha de S. Paulo solicitou essa informação na semana passada, protocolando o pedido. No entanto, a Câmara dos Deputados orientou a apresentação de um pedido por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), cujo prazo de resposta pode ser de até 30 dias.
A LAI, no entanto, determina que qualquer pessoa interessada na informação, que é de domínio público, pode solicitá-la “por qualquer meio legítimo”.
Além disso, cabe ao órgão detentor dos dados autorizar ou conceder o acesso imediato à informação disponível.
A LAI também define como conduta ilícita que implica responsabilidade do agente público, sujeita a penalidades por improbidade administrativa, o ato de “negar-se a fornecer informação solicitada nos termos desta lei, atrasar deliberadamente sua divulgação ou disponibilizá-la intencionalmente de maneira incorreta, incompleta ou imprecisa”.
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