Produção de soja, milho e cana deve crescer em média 60% em uma década

A perspectiva do crescimento da soja é de 46,84% em uma década. De milho no Estado crescerá 74,78% em 10 anos. Já a cana-de-açúcar ficará 59% maior no período – Gerson Oliveira/ Correio do Estado| Divulgação/ Biosul

O aumento na produção das três das principais culturas de Mato Grosso do Sul deve ser em média de 60% nos próximos 10 anos.

Esse é o resultado da pesquisa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançada nessa semana.

De acordo com o documento, a produção de cana-de-açúcar no Estado deve aumentar em 30 milhões de toneladas na próxima década.

Segundo a perspectiva mais otimista, a produção da atual safra, medida pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 51 milhões de toneladas, atingiria 82 milhões de toneladas na safra 2031/2032.

No caso do milho, a perspectiva é ainda maior. Com colheita recorde nesta segunda safra de 2022 e alta de mais de 90% em relação ao último período, a produção da cultura de inverno deve atingir a marca de 20 milhões de toneladas em 2031/2032. A alta prevista é de 74,78%.

Segundo o relatório da Associação dos Produtores de Milho e Soja (Aprosoja-MS) em parceria com a administração estadual e a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), o Estado produziu 12,775 milhões de toneladas de milho no último ciclo.

A estimativa da Conab utilizada na pesquisa, no entanto, ainda utiliza dados de agosto deste ano, quando a estimativa contabilizava cerca de 1 milhão de toneladas a menos.

Por fim, e não menos importante, a soja deve se expandir ainda mais em MS. Para o principal produto da pauta de exportações do Estado, a expectativa do Mapa é de que a produção da oleaginosa atinja 16,596 milhões de toneladas até 2031/2032, alta de 46,84%.

De acordo com o superintendente federal do Ministério da Agricultura em Mato Grosso do Sul (SFA-MS), Celso de Souza Martins, o Estado tem uma trajetória de crescimento surpreendente. “Em um curto espaço de tempo, tivemos as terras ocupadas no Estado. O que antes era uma pecuária extensiva, para ocupação com a agricultura e o desenvolvimento desse processo agrícola”.

“[No período] de 30, 40 anos, saímos do nada na produção de soja e hoje temos uma importância muito significativa no Brasil, seja do ponto de vista de produção, seja do desenvolvimento tecnológico e de produtividade”, analisa o superintendente.

O agrônomo e consultor João Pedro Dias explica que ainda existem muitas variáveis a serem inseridas nesse cálculo.

Ele comenta que a expectativa do Mapa para MS está bem próxima ao que é esperado para o cenário nacional, mas a grande questão é se teremos um ambiente favorável à diminuição de custos e potencial de rentabilidade maior.

“Para haver esse aumento precisa gerar renda para produtor. A grande questão é saber como se comporta o câmbio, o preço dos grãos no mercado mundial e a qualidade logística, porque MS e MT estão afastados e sofrem com as estradas e a escassez de ferrovias. Isso tudo pesa para nós”, pondera.

Área

Para a expansão de terras é esperada maior utilização de espaços que hoje se encontram subutilizados ou são pouco rentáveis.

O superintendente do Mapa em MS destaca que hoje o momento é de ganho de produtividade, muito mais que de expansão da fronteira agrícola.

“A ocupação de novas áreas para os próximos anos não agride o meio ambiente. Nós não estamos falando de aberturas de novas áreas e, sim, de integração de agricultura com pecuária, com florestas e recuperação de pastagens para manutenção da alta produtividade da pecuária sul-mato-grossense”, considera Martins.

O consultor João Pedro Dias comenta que é preciso que o produtor utilize esses espaços e lance mão de tecnologias já conhecidas.

Ele diz que existem 8 milhões de hectares já antropizados, mas de baixa produtividade, que podem ser incorporados ao processo produtivo, tudo a depender dos custos.

“O custo para fazer um hectare ainda é alto, porque tem fertilizantes, óleo diesel, defensivos e inoculantes e subiram muito o preço”, comenta.

No mesmo sentido, o doutor em agronomia José Ubirajara Fontoura diz que o futuro aponta para uma alta complexidade de sistemas produtivos em MS, com integração de diferentes culturas e outras indústrias produtivas.

“O que mais influencia são os embalos na recuperação de pastagens degradadas, a forma mais viável de recuperar pastagem é fazer uma integração lavoura pecuária [ILP] e modo mais complexo, é a integração lavoura pecuária floresta [ILPF] que traz mais dificuldade no fator econômico, requer mais preparo do produtor e visa melhorar tanto produtividade como aproveitamento da qualidade do solo”, revela.

Outra produção de alta rentabilidade citada pelo ex-pesquisador da Embrapa é a cana-de-açúcar, que se aproveita de áreas consideradas frágeis e que requer uma rotatividade de cultura para garantir produtividade.

“Essas áreas marginais requerem uma realidade de restauração do solo, então a produção de grãos serve como recuperação da área de canavial. A plantação de cana tem uma vida útil de no máximo seis cortes, o que daria seis anos. Depois disso, a produtividade fica prejudicada”, explica Ubirajara.

Ainda segundo ele, a soja como cultura intermediária, reestabelece a produtividade da cana. “O produtor tem à disposição soja, milho, cana-de-açúcar, pastagem – que gera forragem e garante a alimentação do gado –, tecnologias cada vez melhores e pecuarista está até começando a entender que cultivo da pastagem é importante”, ressalta.

João Pedro adiciona ao debate que para a produção de grãos em MS há diversas alternativas que merecem ser exploradas.

Ele cita o calcário como uma fonte que pode ser produzida aqui mesmo em MS, o fosfato, fontes de silicato precisam de pesquisa, produtos de fixação biológica de nitrogênio, bactérias cada vez mais presentes na plantação, um leque tecnológico extenso.

“Aquele produtor que não acompanhar, em anos bons, ele mascara a deficiência do solo, mas, nos ruins, como foi em 2021, ele escancara os prejuízos”, aponta.

Nacional

A produção de grãos no Brasil vai crescer 36,8% nos próximos 10 anos e levará o País a um novo patamar de produtividade, chegando a um total de 370,5 milhões de toneladas na safra 2031/2032.

O acréscimo corresponde a uma taxa de crescimento de 2,7% ao ano. Algodão, milho de segunda safra e soja devem continuar puxando o crescimento da produção de grãos.

O levantamento do Mapa aponta ainda que o mercado interno, as exportações e os ganhos de produtividade deverão ser os principais fatores de crescimento na próxima década.

O estudo aponta uma tendência de crescimento com ganhos de produtividade, já que a área de grãos deve aumentar 17% entre 2021/2022 e 2031/2032, passando de 74,3 milhões de hectares em 2021/2022 para 86,9 milhões de hectares em 2031/2032, o que corresponde a um acréscimo anual de 1,6%.

Entre as regiões, Mato Grosso deve liderar a expansão da produção de milho na próxima década. Na soja, destacam-se como líderes de expansão da produção os estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Mato Grosso do Sul.

36,8%

NOS PRÓXIMOS 10 ANOS

A produção de grãos no Brasil vai crescer 36,8% nos próximos 10 anos e levará o País a um novo patamar de produtividade, chegando a um total de 370,5 milhões de toneladas na safra 2031/2032. O acréscimo corresponde a uma taxa de crescimento de 2,7% ao ano. Algodão, milho de segunda safra e soja devem continuar puxando o crescimento da produção de grãos.

FONTE CORREI DO ESTADO

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