Prêmios da soja têm novo dia de altas e sobem mais de 3% nesta 4ª feira no Brasil
Os prêmios da soja subiram mais uma vez nesta quarta-feira (29, refletindo a demanda intensa e a falta de produto no país, e encerraram o dia com ganhos de mais de 3% no portos nacionais. Em Paranaguá, as principais posições de entrega – na ótica dos compradores – têm variado entre 135 e 145 centavos de dólar por bushel acima dos valores praticados na Bolsa de Chicago.
Como explicam analistas de mercado da Agrinvest Commodities, os valores sobem não só para a safra atual, mas também para a safra nova diante de uma disputa crescente pela oleaginosa brasileira.
“A melhora das margens de processamento no Brasil e também na China aumenta a concorrência pelo grão, puxando os prêmios”, afirma a Agrinvest. E tem sido este o principal pilar para os preços no mercado brasileiro, uma vez que segue intensa a volatilidade do dólar frente ao real e das cotações na Bolsa de Chicago que ainda enfrentam dificuldade para consolidar uma alta.
Assim, cada vez mais o mercado brasileiro se mostra regionalizado, com um comportamento de preços que reflete cada situação de oferta e demanda. Nesta quarta, em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, o preço subiu 3,77% para R$ 110,00 por saca, enquanto se manteve estável nos R$ 105,00 em Tangará da Serra, Mato Grosso, ou registrando baixa de 0,98% em Luís Eduardo Magalhães, Bahia para R$ 101,00.
Os negócios, todavia, têm movimento mais lento agora. O produtor brasileiro já carrega altos percentuais de comercialização tanto na safra velha, quanto na nova e agora vai escalonando suas novas operações, observando a chegada de novas e melhores oportunidades.
BOLSA DE CHICAGO
Os preços da soja encerraram o pregão desta quarta-feira com baixas de 1,75 a 5,25 pontos nos principais contratos, com o agosto valendo US$ 8,91 e o novembro, US$ 8,85 por bushel. E os traders operaram com cautela e estabilidade durante todo o dia.
“O mercado agrícola em Chicago manteve a falta de interesse na entrada de novas operações, uma vez que os fundamentos básicos não trazem nenhuma novidade significante”, explicam os diretores da ARC Mercosul.
No radar, permanecem o andamento da demanda da China nos EUA o clima nos EUA, que continua a favorecer o desenvolvimento das lavouras norte-americanas.
Assim, são necessárias novas notícias que possam movimentar efetivamente o mercado internacional da oleaginosa, como compras mais agressivas da China ou algum problema que possa ser identificado na nova safra dos EUA.
“A grande maioria do Cinturão Agrícola segue sob boas condições de desenvolvimento, o que deverão resultar em produtividades finais de 3% a 5% superiores às estimativas atuais”, afirmam os diretores da ARC.
A produção brasileira de soja pode avançar 6% na safra 2020/21, que deverá ser plantada a partir de setembro, para 131,69 milhões de toneladas, estimou nesta quarta-feira a consultoria Datagro, considerando aumento na área plantada pela 14ª temporada consecutiva.
A projeção é de uma área de 37,99 milhões de hectares para plantio da oleaginosa, um incremento de cerca de 2,5% sobre a temporada 2019/20. O aumento deve acontecer em todo o país, mas com maior intensidade nos Estados das regiões Norte e Nordeste.
O coordenador de grãos da Datagro, Flávio Roberto de França Júnior, ressaltou, no entanto, que mudanças no preço da commodity podem alterar as projeções de plantio, como ocorreu entre os anos de 2013 e 2017.
“Sempre é importante observar que qualquer reação mais brusca das cotações nos próximos dois meses pode trazer alteração nessa proporção de aumento, uma vez que naturalmente há predisposição dos produtores em direção à soja”, disse em nota.
Em 2019/20, a área efetivamente plantada acabou fechando apenas 0,6% acima da intenção de plantio apontada em julho, exemplificou.
A produtividade média deve alcançar 3.466 kg/ha, ante 3.364 kg/ha em 2019/20, acrescentou a Datagro.
MILHO
Na mesma linha, a produção total de milho tem potencial para crescer 8% em 2020/21 em relação à safra anterior, para 112,13 milhões de toneladas, projetou a consultoria.
Considerando as duas safras do cereal, a área de plantio para 2020/21 está estimada em 19,28 milhões de hectares, 3% acima dos 18,73 milhões registrados na temporada passada.
A estimativa potencial para a semeadura de verão é de 4,46 milhões de hectares, cerca de 2% superior aos 4,38 milhões registrados um ano antes.
“Considerando a hipótese de normalidade climática, e manutenção de elevado padrão tecnológico, a primeira safra de milho tem potencial de produção de 28,39 milhões de toneladas, 9% superior (a de 2019/20)”, projetou a consultoria.
Já na “safrinha” de 2021, a Datagro disse que a tendência inicial também é de incremento de área, para 14,82 milhões de hectares sobre 14,36 milhões neste ano.
Com isso, a produção da segunda safra de milho tem chance de alcançar 83,74 milhões de toneladas, (78,13 milhões de t na região Centro-Sul e 5,61 milhões de t das regiões Norte/Nordeste), 8% acima das 77,37 milhões de toneladas esperadas para este ano.
Fonte: Notícias Agrícolas