Preços de fertilizantes podem disparar

Os agricultores que não fizeram estoques de cloreto de potássio, um dos macronutrientes mais utilizados nas lavouras brasileiras, terão de desembolsar mais no segundo semestre. Os preços do insumo já estavam em alta no mercado internacional nos primeiros meses do ano, mas dispararam a partir de meados de junho, quando países europeus começaram a impor sanções a Belarus, um dos maiores fornecedores globais. As retaliações foram adotadas depois que, em maio, o governo de Belarus interceptou um avião civil em busca de um opositor político.

Como parte dos desdobramentos do episódio, companhias fornecedoras de fertilizantes, caso da Belaruskali, tiveram problemas para exportar macronutrientes a partir de portos da Comunidade Europeia, como o da Lituânia, uma das principais saídas para o produto. Os bielorrussos estão entre os três maiores exportadores de nutrientes potássicos do mundo – Canadá e Rússia integram a lista -, e o Brasil é o segundo maior consumidor global desse tipo de fertilizante, informa a consultoria GlobalFert.

No ano passado, 25% dos 11,5 milhões de toneladas de potássio que o Brasil importou saíram de lá. Com as restrições impostas pelos europeus, os fornecedores de Belarus podem não conseguir cumprir no segundo semestre contratos de entrega já fechados – e os exportadores já vinham fazendo entregas com atraso ao longo deste ano, sobretudo para a América do Sul, incluindo o Brasil, comenta Juliana Lemos, analista chefe da GlobalFert.

Com o receio com as restrições de oferta, o preço da tonelada subiu cerca de 40% desde a semana que se encerrou em 29 de junho e alcançou média de US$ 593 na semana encerrada em 3 de agosto. Desde o fim de maio, a alta chega a 75% – também como reflexo do aumento da demanda, que elevou os preços de todos os fertilizantes em 2021. “Há expectativa de manutenção de alta de preços internacionais do potássio para o segundo semestre”, diz a analista.

De acordo com Guilherme Bellotti, gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA, a variação dos preços no exterior não demora a afetar o mercado interno. “O aumento de preços acaba influenciando a precificação para o produtor porque as misturadoras precisam repor estoques”, afirma. Segundo dados do banco, a tonelada de cloreto de potássio chega ao país agora a US$ 640; em maio, o custo era de US$ 400 (preço no porto).

O cenário pode pressionar as margens dos produtores brasileiros que não anteciparam suas compras de insumos. Até junho, os agricultores já haviam negociado 61% do volume de fertilizantes a ser usado em 2021 – a demanda neste ano deve chegar a 43,4 milhões de toneladas. Produtores de soja, milho, cana e laranja podem ter dificuldade de encontrar o produto. Com informações do Valor

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