Preço da gasolina despenca para até R$ 3,79 com crise do petróleo e coronavírus
O Jacaré
Após o susto do início do ano com o aumento de 20% no ICMS, o preço da gasolina já acumula queda de R$ 0,70 em Mato Grosso do Sul. A queda no valor do produto é reflexo da crise no mercado mundial do petróleo e da pandemia causada pelo coronavírus. Na Capital, o litro pode ser encontrado a R$ 3,79 à vista, o menor valor desde dezembro de 2017.
No Carnaval deste ano, o consumidor sul-mato-grossense foi surpreendido pelo aumento na alíquota do ICMS sobre a gasolina de 25% para 30% pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB). O tucano seguiu o exemplo de estados em grave crise financeira, como Rio de Janeiro e Minas Gerais para elevar o percentual do tributo para um dos maiores do País.
A maior tributação acabou elevando o preço e o combustível superou a barreira dos R$ 5 no interior do Estado. Contudo, a chegada do coronavírus ao Brasil em meados de março deste ano levou à suspensão da atividade econômica na maior partes dos municípios, com fechamento do comércio e suspensão do transporte coletivo.
A medida causou queda de 70% na venda de gasolina, de acordo com Edson Lazaroto, diretor do Sinpetro (Sindicato dos Revendedores de Combustíveis em Mato Grosso do Sul). O quadro foi agravado com a queda no preço do petróleo no mercado internacional, com o barril custando menos de US$ 20. Nos Estados Unidos, o produto chegou a ter preço negativo, deixando economistas perplexos.
Como a Petrobras adota a política de repassar ao consumidor o preço do mercado internacional, o consumidor acabou se beneficiando da redução. A queda só não foi maior devido à desvalorização do real diante do dólar, que permanece cotado acima de R$ 5.
De acordo com o Sinpetro, o valor do litro da gasolina acumula queda de 15,5% em Mato Grosso do Sul, de R$ 4,49 para R$ 3,79. Nem a reação de 20% nas vendas com a retomada das atividades na Capital foi suficiente para impedir nova queda nos preços.
Pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo) mostra redução de 9,8% no preço médio da gasolina no Estado, de R$ 4,494, em março deste ano, para R$ 4,0,52. O levantamento coletou dados até o dia 25 de abril deste ano. Os postos remarcaram, novamente, para baixo o preço nos últimos dias.
Em Campo Grande, o consumidor já encontra o litro da gasolina a R$ 3,799, valor que não era praticado há dois anos e cinco meses. Em dezembro de 2017, conforme a ANP, o produto custava R$ 3,80 na Capital.
Com a gasolina mais barata, as vendas de etanol praticamente ficaram estagnadas no Estado, frustrando a política do Governo do Estado de incentivar a comercialização do produto com a redução no ICMS de 25% para 20%.
“Foi o produto que mais foi afetado ,pois se a gasolina está em queda de preço , o percentual que possibilita o consumidor optar em abastecer com etanol fica distante cada vez mais, apesar que também o etanol está caindo de preço”, observou Lazaroto.
O preço do etanol também caiu R$ 0,70, de R$ 3,59 para R$ 2,89 no Estado. A situação preocupa o setor, que vem pressionando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a elevar a tributação sobre a gasolina. Uma das propostas analisadas pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, é dobrar a taxa da CIDE de R$ 0,10 para R$ 0,20 por litro de gasolina.
O setor sulcroalcooleiro deseja receber subsídio do Governo para manter a atividade das usinas durante a pandemia do coronavírus. Em Mato Grosso do Sul, algumas usinas já suspenderam as atividades e deram férias coletivas para os trabalhadores.
Capital deixa ter combustível mais barato no País
Com a elevação da carga tributária sobre o combustível pelo governador Reinaldo Azambuja, Campo Grande deixou de ter a gasolina mais barata entre as 27 capitais brasileiras. O valor cobrado pelos postos campo-grandenses passou a ser o 11º menor.
Confira os menores preços médios nas capitais:
Capital | Preço |
Macapá (AP) | 3,016 |
Curitiba (PR) | 3,473 |
João Pessoa (PB) | 3,659 |
Boa Vista (RR) | 3,73 |
Recife (PE) | 3,744 |
Vitória (ES) | 3,763 |
São Paulo (SP) | 3,838 |
Florianópolis (SC) | 3,862 |
São Luís (MA) | 3,899 |
Porto Alegre (RS) | 3,908 |
Campo Grande (MS) | 3,946 |
Fonte: | ANP |