Pesquisa financiada pelo Governo investiga como melhorar eficiência na geração de energia solar
Em Mato Grosso do Sul, além do estímulo à implantação de sistemas de geração de energia solar fotovoltaica, o Governo do Estado, por meio da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) e da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul), também financia pesquisas voltadas ao aprimoramento do uso de energia limpa no Estado.
“O estímulo à utilização de energia limpa em Mato Grosso do Sul segue uma linha estratégica do Governo do Estado que conta com financiamento por meio do FCO, além de políticas de incentivo. Nós, inclusive, somos favoráveis à não tributação da energia solar e consideramos fundamental a realização de pesquisas que desenvolvam novas tecnologias e aprimorem o uso de fontes de energia limpa”, afirma o secretário Jaime Verruck, da Semagro.
Na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), o professor da Sandro Márcio Lima, coordenador do Pronex (Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência), desenvolve pesquisa que investiga como melhorar a eficiência da conversão da energia solar em energia elétrica, mas sem aumentar os custos para o cliente. A pesquisa conta com financiamento de R$ 320 mil da Fundect/Semagro e apoio do CNPq.
De acordo com Lima, apesar da popularização da energia solar, as placas ainda funcionam com apenas 20% da capacidade, por isso, a necessidade de buscar alternativas que aumentem a eficiência do recurso. “Nós pesquisamos materiais que são utilizados para contribuir e melhorar a eficiência de conversão da energia solar com a energia elétrica. A energia solar atualmente está na moda. A gente vê as placas sendo instaladas, usinas sendo criadas, muitas inclusive aqui no Estado, mas o que acontece é que essas placas não são nacionais, são importadas”, explica o pesquisador.
Para Lima, as placas poderiam ter uma eficiência ainda maior se fossem planejadas de acordo com as especificidades nacionais. “As testagens pelas quais as placas passam para ver a eficiência de aproveitamento são de lugares com radiação solar muito diferente da nossa região, a maioria é da Alemanha, onde não há a insolação que temos aqui. No Brasil nós temos condições de aproveitar melhor essa tecnologia, porém, não aproveitamos mais do 20% da energia solar para gerar energia elétrica. Tem esse gargalo e ainda não melhoramos a eficiência. Isso é no mundo, não é apenas no Brasil que não conseguimos. Desde a década de 70 que se tenta aprimorar esse dispositivo para melhor converter essa energia solar em energia elétrica e não consegue”, ressalta.
Ainda de acordo com o pesquisador, quando há o aumento da eficiência, o custo também é elevado. “Já trocaram alguns materiais, fizeram vários dispositivos semicondutores para tentar melhorar e quando conseguem 1% ou 2% de melhorias, elevam o custo em 3 vezes. Nossa pesquisa dentro do Pronex é justamente tentar melhorar essa eficiência da energia solar desenvolvendo materiais inorgânicos, como vidros e cristais, que possam ter condições de absorver a luz solar eficientemente e converter para que o semicondutor tire maior proveito disso”, frisa.
O processo é totalmente luminoso. “É luz solar que entra no material e o material gera luz também, em uma outra frequência. Precisamos ter um material que absorva a luz solar visível e converta para o infravermelho, que é aonde os semicondutores trabalham mais eficientes. Então nós tentamos desenvolver e caracterizar esses materiais dentro do nosso Pronex. Nós já investigamos cinco materiais e estamos trabalhando para a nossa primeira patente, para essa finalidade”, pontua.
Marcelo Armôa – Semagro, com informações de Naiane Mesquita – Midia Ciência
Foto: Chico Ribeiro