Pazuello vive dilema e cogita governo do Rio de Janeiro
Desde que deixou Manaus para assumir o Ministério da Saúde, o general linha-dura na disciplina e acostumado a missões espinhosas jamais imaginou que se veria diante da perspectiva de virar político – e que isso fosse praticamente sua única alternativa. Eduardo Pazuello se reúne nesta terça (25) com o comandante do Exército disposto a pagar o preço.
Embora não deseje, pode ter de abrir mão da farda, após doloroso processo de defesa por falta disciplinar grave. A etapa é tida como uma espécie de “rito de passagem” por aqueles que o estimulam a migrar para a política.
O mandato, parlamentar ou executivo, é visto como a blindagem ideal para os intermináveis problemas que advêm e ainda advirão de sua conturbada passagem pelo Ministério da Saúde. “Ao subir naquele palanque no domingo, o general sabia exatamente o que estava fazendo, mais do que eu e você juntos”, afirma interlocutor da confiança do ex-ministro. “Ele é um especialista no regramento militar”, completa
Entre os planos cogitados por Bolsonaro para o general está o governo do estado do Rio de Janeiro, terra natal de Pazuello. “O Rio está à deriva, não tem um candidato. E até agora o mais próximo do Bolsonaro, que possui uma força enorme no Rio, é o Pazuello”, revela este interlocutor e consultor do general, a quem se refere pelo apelido íntimo de “Pazu”.
A participação do militar no evento, a convite de Bolsonaro, funcionou como uma espécie de teste, ao qual, ao aceitar se submeter, Pazuello teria traçado seu novo destino, consciente da grave infração disciplinar que cometeria.
Os movimentos do ex-ministro, no entanto, complicam ainda mais sua hoje provável reconvocação à CPI da Covid. Os senadores deixarão de ouvi-lo como quadro técnico do governo para tratá-lo como político assumido. Esse cálculo também já foi feito pelos estrategistas do general, que descartaram a hipótese de uma candidatura por Manaus. A CPI busca responsabilizá-lo pelo colapso na saúde do estado, o que se tornará um trunfo para os amazonenses Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB).
A única hipótese por ora descartada por Bolsonaro é a de transformar Pazuello em seu vice, numa eventual chapa para 2022. Fazê-lo equivaleria a oferecer um troféu à oposição.