OMS diz que troca de ministros é tema “doméstico”. Mas pede “solidariedade”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) optou por não comentar a troca de ministros da Saúde no Brasil, em meio a uma pandemia. Mas deixou claro que o momento é de “solidariedade”.
Nesta manhã, a demissão de Luiz Henrique Mandetta foi alvo de debates entre diplomatas e funcionários da OMS. Ele foi substituído por Nelson Teich.
No ano passado, o então chefe da pasta tinha causado uma boa impressão durante os encontros da agência mundial, em Genebra. Diante da imagem do governo brasileiro no exterior e de posições polêmicas do chanceler Ernesto Araújo, da ministra de Direitos Humanos, Damares Alves, e do próprio presidente Jair Bolsonaro, Mandetta conseguiu impôr uma agenda “moderada” em sua passagem pela OMS.
Mas, desde o início da crise mundial, vozes dentro da agência temiam que uma postura do Brasil de negação da gravidade do vírus acabasse afetando os esforços internacionais. Mandetta era, porém, uma espécie de garantia de que havia uma pressão interna para que as recomendações da OMS fossem seguidas.
Nesta sexta-feira, a postura da agência foi de cautela e diplomacia. “Esse é um assunto doméstico e, portanto, não nos envolvemos. Mas, de uma forma geral, o que pedimos em todos os lados é solidariedade”, disse Margaret Harris, porta-voz da OMS.
Ao longo das últimas semanas, o diretor-geral da entidade, Tedros Ghebreyesus, vem apelando para que políticos estabeleçam alianças até mesmo com seus adversários e que não politizem a luta contra o vírus. “Coloquem a politização em quarentena”, pediu.
Para ele, esse não é um assunto que deva ser usado para ganhar ou perder áreas de influência e solicitou que partidos ignorem suas diferenças para salvar vidas.
Seu alerta ainda é de que divisões políticas contribuem para abrir brechas para que o vírus possa ganhar força e insiste que, num momento de crise, políticos precisam trabalhar de mãos dadas com aqueles com os quais jamais pensou em cooperar.
(UOL)