Nove mulheres e uma pescaria incrível em Porto Murtinho

Esporte praticado em sua maioria por homens, a pesca amadora tornou-se realmente esportiva e em conexão com a natureza, deixando de ser uma atividade machista e relacionada com a prostituição – cuja atividade maculou muitos atrativos em Mato Grosso do Sul.

As mulheres cada vez mais estão ocupando espaços nos rios e em pesqueiros, pescando em família ou em grupos de amigas, contribuindo para aumentar a prática de uma atividade saudável e divertida em um país de grande potencial pesqueiro como o Brasil.

O “Pesque e Bebe” é um desses grupos de mulheres independentes – e bonitas – que vão em busca da emoção de fisgar um peixe como o dourado, demonstrando habilidade – e um pouco de sorte também – apesar da pouca experiência da maioria.

O grupo em questão é formado por nove mulheres residentes na cidade de Ponta Porã (MS), na fronteira com o Paraguai. Envolvidas com a pescaria mesmo indiretamente – o marido ou alguém da família é praticante contumaz – elas decidiram se organizar e também partir para os polos de pesca para saber o que essas águas tanto encantam os homens.

Paixão pela pesca

“Tudo começou porque a maioria das mulheres tem alguém que pesca por perto. Se não é o marido, é um amigo ou familiar, e como geralmente os grupos são de homens não tinha muita abertura para nós, mesmo que na equipe tem as mulheres que pescam com os maridos”, conta Adriane Pinheiro Cavalcanti Dias, analista financeira e integrante da equipe.

A ideia, segundo ela, foi reunir as amigas para sentir a mesma emoção que eles, além de ter um tempo para distrair conversar, esquecer um pouco a realidade da pandemia e a vida corrida que levam como mães e trabalhadoras. E depois de tantas histórias e aventuras resolveram ter as suas também e o grupo foi criado num churrasco.

“Decidimos pescar juntas e descobrir o que tanto encanta esses homens, apesar de algumas já terem experiencia ao acompanhar os maridos”, diz Adriane. A ideia foi amadurecida por iniciativa de Mayara ishizu Oliveira Rocha, assistente administrativa. Criaram um grupo via Whatssap, mas havia uma incerteza: são poucas as mulheres que conheciam ter a paixão pela pesca.

“Às vezes, por falta de oportunidade ou falta de convite, ou até mesmo por tantos preconceitos que se colocam em cima de uma pescaria que acaba não despertando essa vontade de fazer uma viagem para pescar”, dispara  Adriane.

Pintado de 38 quilos

A adesão foi instantânea, em menos de um dia o grupo estava formado e o nome (sugestivo) escolhido: “Pesca e Bebe”. Na sequência, providenciaram o uniforme, pesquisaram as regiões de pesca no Estado e optaram pela estreia em Porto Murtinho, cidade também fronteiriça ao Paraguai, mais no extremo sudoeste de Mato Grosso do Sul. Um dos melhores destinos de pesca esportiva.

Quem sugeriu Porto Murtinho foi Jusana (Maria Dariz, economista), que já havia pescado na Pousada Global, situada na margem de um braço do Rio Paraguai. Uma estrutura excelente, boas acomodações e serviços de qualidade, além do atendimento do proprietário Alberto Froes. Sua pousada recebe pescadores de todo o país.

“O Beto providenciou para nós um orçamento e pronto, fechamos com ele”, lembra a porta-voz Adriane. O grupo de nove mulheres pescou entre os dias 14 a 16 de maio e descobriu por que os homens amam tanto de pescaria. Todas – com ou sem experiência – pegaram peixes e tiraram do rio um pintado de 38 quilos, depois devolvido. Muita emoção!

“Tivemos uma recepção maravilhosa na chegada, todos encantados por sermos uma equipe só de mulheres realmente interessadas em se aventurar na pesca”, diz Adriane.

“Por fim acordamos cedo e fomos na expectativa do que nos esperava e foi espetacular, todas pegaram peixe e a emoção de ver a vara envergar, a briga com o bicho na água é indescritível. Digo que as mulheres tem que pelo menos uma vez na vida ir, para sentir essa sensação incrível, o que é uma pescaria.”

A próxima pescaria

Mayara, Adriane, Jusana, Ieda (Aparecida Gonzales de Souza Rojas, personal), Paola (Ishizu Oliveira Rocha, estudante de nutrição), Juliana (Cardoso Zampolli, advogada), Nisselma (Ferreira Montiel, comerciante), Suzilene (Felix Peralta, assistente social) e Claudelina (Cáceres Carneiro, empresária) sentiram a sensação de pegar um peixe nobre ou mesmo uma piranha.

Elas ficaram deslumbradas com a divertida pescaria, onde valeu a pena ao menos a sensação de “uma puxada”. Foi uma experiência única, contam. “Caiu por terra muitos estereótipos que se tem em cima de uma pescaria e já queremos marcar as próximas”, escreveu Adriane em um site de Ponta Porã.

“Nos divertimos muito, brincamos e rimos demais, e ainda deixo um conselho de verdade: mulherada que nunca foi, permita-se a uma experiencia dessa, duvido muito que não vão mudar de ideia. Mas pratiquem o pesque-solte, para que tenhamos mais peixe nas próximas pescarias”.

O grupo está programando retornar a Murtinho em outubro, mas Adriane Pinheiro já agendou uma pescaria com o marido para junho nas Águas do Miranda, em Bonito. A mais experiência de todas é a Ieda, que sempre acompanhou o marido, Roberto, nas pescarias pelos rios Araguaia e Tocantins, em Tocantins; Apa e Paraguai, em Mato Grosso do Sul.

“Pescaria de acampar mesmo, não precisa de luxo, não…!”, conta Adriane, uma das mais animadas do grupo.

 

 

 

Credito: Portomurtinhonoticias

Fotos: Chico Ribeiro

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