“Não consegui salvar o meu bebê”, lamenta mãe na despedida de Myckael – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
Ericka Mendonça Prates, de 18 anos, chora a perda do filho Myckael (Foto: Henrique Kawaminami)
Ericka Mendonça Prates, de 18 anos, diz não entender até agora porque o cão que “fazia a segurança” da casa da prima atacou e matou o filho dela, Myckael, de 3 anos. “Ele corria atrás do cachorro e o cachorro dele, nunca teve problema, sempre foi um cão super calmo, não aparentava ser raivoso, não sei o que aconteceu”.
Ela conta que a convivência com o animal não era recente. Ericka chegou a morar com a prima por um tempo e há um mês, havia se mudado com o filho para a casa da mãe. O vira-lata, uma mistura de rotweiller e outras raças, pertence ao dono da residência alugada. Ela e a prima pediram para criá-lo. “Era uma segurança para a gente”.
Avó da criança, a diarista Rosângela Mendonça, de 43 anos, confirma a versão da filha. “Sempre foi um bom cachorro, até agora ninguém entende porque ele estranhou desse jeito”.
A mãe narra ainda que estava com filho no portão da casa quando o cão derrubou os dois no chão. Eles tinham dormindo na residência do Bairro Cristo Redentor e estavam de saída, para voltar para a casa onde viviam, no mesmo bairro. Ericka, que está grávida de 2 meses, conseguiu se levantar, mas o cachorro partiu para cima da criança num ataque de fúria na manhã desta terça-feira (16) e só soltou quando um vizinho interferiu.
“Não consegui salvar o meu bebê. Tentei muito, mas não consegui. Ele [cachorro] era muito forte, grudava no pescoço, a gente puxava, fazia de tudo, mas ele não saía de cima”, relembra.
Myckael chegou a ser socorrido, mas morreu em posto de saúde (Foto: Direto das Ruas)
A jovem mãe tinha esperança que o filho fosse salvo pelos médicos. Depois que o vizinho, Anderson Wilton de Lima, de 26 anos, conseguiu cessar a agressão, usando o cabo de uma enxada para bater no cachorro, outra vizinha levou o menino até o CRS (Centro Regional de Saúde) do Bairro Tiradentes.
A vítima chegou à unidade de saúde com o rosto e o crânio feridos. Lá, sofreu uma parada cardiorrespiratória. “Tinha esperança que ele ia ficar bom, ajoelhei, pedi para Deus não deixar nada de pior acontecer. Quando médico veio e disse que fizeram de tudo, parece que o mundo caiu em cima de mim”.
Ericka se recorda ainda dos últimos momentos com o filho. Durante a noite, na casa da prima, ele acordou e pediu que a mãe fosse até ele. Agora, depois da tragédia, parece ter sido a despedida. “Ele me abraçou e disse ‘te amo muito mamãe’”.
“Vai ficar só a saudade e as lembranças boas da criança querida que ele era”, completa a avó do menino.
De casaco roxo, mãe é consolada por familiares no sepultamento (Foto: Henrique Kawaminami)
Velório – Mykael teve direito a velório, diferente do que vem acontecendo com os mortos da pandemia. Familiares se reuniram na capela do Cemitério do Cruzeiro, onde a criança foi sepultada. – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS