MRE intercedeu para agilizar entrada de Weintraub nos EUA

O Ministério das Relações Exteriores pediu visto de entrada à Embaixada dos Estados Unidos para o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, utilizando dados de seu passaporte diplomático. A informação consta de um pedido de LAI (Lei de Acesso à Informação), divulgado pelo UOL e que questionou qual avião foi utilizado por Weintraub para viajar aos EUA e com qual documento ele ingressou no país. Os documentos disponibilizados mostram que Weintraub informou ao ministério sua pretensão de viajar aos EUA para ocupar o cargo Diretor-Executivo do Banco Mundial no dia 18 de junho — mesma data em que anunciou sua saída do ministério.

A resposta que consta no pedido de LAI mostra ainda que Weintraub “limitou-se a indicar a intenção de viajar a Washington com a brevidade possível”. O MRE não informou qual avião o ex-ministro utilizou para entrar no país e confirmou que ele utilizou dados de seu passaporte diplomático para solicitar emissão de visto à Embaixada dos Estados Unidos em Brasília.

“Trata-se aqui de procedimento habitual em casos de designação de representantes do governo brasileiro junto a organismos internacionais”, diz o ministério. O órgão também não deixou claro se Weintraub utilizou o documento diplomático para entrar nos EUA.

Além de ministros, outras autoridades como o presidente, procurador-geral da República e juízes de tribunais internacionais têm direito ao passaporte. Um parágrafo da norma que regulamenta a emissão desses documentos diz que, conforme decisão do chanceler, outras pessoas podem ter acesso ao documento “em função do interesse do país”.

viagem de Weintraub aos EUA foi cercada de controvérsias, a começar pelo fato de que os EUA proibiram, no fim de maio, a entrada de estrangeiros que estiveram no Brasil nos 14 dias anteriores. Uma das exceções é para integrantes do governo em missão oficial — o que não é o caso do ex-ministro. Alguns dias depois da viagem de Weintraub, subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU) Lucas Furtado requisitou que a corte investigasse a participação do Itamaraty na entrada do ex-ministro nos EUA. A suspeita era justamente que ele tenha usado o cargo de ministro para burlar as restrições impostas por Donald Trump.

O governo chegou a corrigir a data de exoneração do ministro do dia 20 para o dia 19. Ao jornal O Estado de S. Paulo, Furtado afirmou que a retificação “confirmou” que houve um processo fraudulento. “Antes, era ilegal e parecia haver fraude. Agora, confirmou”, disse Furtado no dia 23 de junho.

Além das suspeitas levantadas pelo subprocurador, Weintraub é investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por sua fala na reunião de 22 de abril. Na ocasião, o então ministro defendeu a prisão de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). “Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia. Começando pelo STF”, declarou o ex-ministro, que foi exonerado do cargo logo após pisar nos Estados Unidos, em 20 de junho.

 

 

Fonte: Correio Braziliense

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