Mineira que pode se tornar santa fica mais perto da beatificação

Um passo importante no processo de beatificação de Maria da Conceição Santos, a Irmã Benigna Victima de Jesus (1907–1981), que pode se tornar a primeira santa mineira. A Associação dos Amigos de Irmã Benigna (AmaiBen), que acompanha o processo, informou ontem que o papa Francisco já enviou à Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano, a carta aberta acompanhada de cinco volumes com quase 40 mil assinaturas coletadas em 2018, em Belo Horizonte e outras cidades. Em 21 de julho, a secretaria particular do sumo pontífice enviou o comunicado à associação confirmando o recebimento da documentação.

O novo passo no processo animou os integrantes da AmaiBen e os milhares de devotos da freira que, antes mesmo do fim do processo na Santa Sé, já a consideram santa. Em nota, a associação, que tem como presidente Maria do Carmo Mariano, esclareceu que a decisão do papa representa “a conclusão de uma etapa que durou cerca de dois anos e teve um desfecho muito aguardado pelos amigos e devotos”. Em tempo de pandemia do novo coronavírus, as novenas voltaram a ocorrer, toda segunda-feira, às 14h, com missas às sextas-feiras, no mesmo horário, no Santuário Nossa Senhora da Conceição dos Pobres, no Bairro Lagoinha, na Região Noroeste de Belo Horizonte.

A direção da associação explica que a carta aberta ao papa pela beatificação da Irmã Benigna “foi um clamor do povo pedindo a Francisco atenção para o processo de beatificação da Serva de Deus”. A iniciativa contou com a permissão do arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, atual presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que também assinou a carta. O movimento recebeu ainda apoio da Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade (Ciansp), contando com a assinatura da superiora, madre Teresa Cristina leite, e das demais religiosas da congregação à qual pertenceu a Serva de Deus.

Na fase romana, a avaliação da Congregação para a Causa dos Santos é fundamental para o caminho rumo aos altares. Atualmente, a Positio (volume com toda a documentação) se encontra impressa e seguirá para a avaliação de um grupo de teólogos, bispos e cardeais e depois ao papa, que dará a última palavra. “Somente Francisco decretará as virtudes heroicas da Serva de Deus e ela será declarada Venerável. A seguir, diante da comprovação do primeiro milagre – uma cura, sem explicação médica, pela sua intercessão –, ela será declarada Bem Aventurada, ou Beatificada. E, quando for comprovado o segundo milagre, será oficialmente declarada santa”, informa a entidade. As etapas que se referem aos estudos dos milagres são realizadas em sigilo.

Critério

A direção da AmaiBen informa que a coleta das assinaturas “foi realizada com muito critério, para evitar duplicidade, sendo montadas equipes de voluntários para os trabalhos: uma delas, fixa, na Igreja São José, no Centro da capital, duas equipes para percorrer diversas paróquias da arquidiocese e outra que se deslocou pelas cidades onde a Irmã Benigna viveu, além Sete Lagoas, sede da Amaiben, e Rio de Janeiro, onde se encontram dois colégios da Congregação.

Irmã Benigna nasceu em Diamantina em 16 de agosto de 1907. Ingressou na Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade em 1935, onde prestou serviços e trabalhou como enfermeira em vários hospitais, asilos, creches, nas cidades mineiras de Itaúna, Lambari, Caeté, Sabará, Belo Horizonte e Lavras, onde passou os últimos anos de vida.

Caminho até a santidade

Os processos de beatificação podem ser longos e demorar quase cinco décadas, como ocorreu no caso do beato Padre Eustáquio (1890-1943), que era holandês, mas teve um trabalho pastoral e social importante em Minas, sendo beatificado em Belo Horizonte. No caso da Irmã Benigna, o trabalho está bem encaminhado, com muitas testemunhas

Tudo começa com a fama de santidade e virtude do candidato a beato, associada a um clamor da população. Com autorização do Vaticano, os processos começam cinco anos depois da morte do candidato a beato

Iniciada a tramitação – a pedido de uma congregação, diocese ou outra instituição ou ordem religiosa –, o candidato a beato pode ser chamado de servo ou serva de Deus. É preciso haver um milagre comprovado, que a medicina não consiga explicar, além de declaração de graças alcançadas etc.

A primeira parte do processo de beatificação se dá em nível diocesano, e só depois toda a documentação é enviada a Roma para análises, verificação de procedência e outros aspectos

Quanto termina o processo de beatificação, começa o de canonização, sendo necessária a comprovação de outro milagre para a santificação

 

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