Médicos autônomos denunciam salários atrasados e paralisam atividades na Santa Casa
Os médicos PJs (Pessoas Jurídicas) e autônomos da Santa Casa de Campo Grande denunciam que estão sem receber seus salários há quatro meses. O sindicato da categoria alega que o hospital recebeu o repasse de recursos, mas a Santa Casa ainda não teria destinado ao pagamento dos honorários dos médicos. Diante da situação, alguns profissionais paralisaram atendimento. Em nota, a Santa Casa alegou falta de recursos e diz que precisou priorizar a compra de materiais e medicamentos para atendimento aos pacientes.
Em nota, o Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) informou que algumas especialidades do hospital começaram a paralisar os atendimentos nesta semana. Entre elas, neurocirurgiões e cirurgiões cardíacos teriam paralisado as atividades. “A equipe dos Cirurgiões Cardíacos está com o contrato suspenso, por esta razão, a Santa Casa já não conta mais com este serviço”, informou o sindicato.
O sindicato da categoria ainda ressaltou que o pagamento do salário é um direito dos empregados da instituição. “Pagamento de salário não é supérfluo, é obrigação! Estamos vigilantes e à disposição de todos, para que providências sejam tomadas e população, e médicos não sejam prejudicados”.
A diretoria da Santa Casa realizou uma reunião na manhã desta terça-feira (10) para discutir o assunto. O Jornal Midiamax entrou em contato com o hospital, que informou por nota que tem alertado as autoridades públicas sobre mudanças que têm dificultado o pagamento dos profissionais. Os problemas vão desde o aumento do custo dos medicamentos à superlotação, que sobrecarrega o hospital.
“Há vários meses, a Santa Casa de Campo Grande tem alertado as autoridades públicas, em especial os gestores da saúde municipal e estadual e o Ministério Público Estadual, além dos conselhos de Medicina e Enfermagem, sobre o aumento nos custos de medicamentos e materiais hospitalares; aumento no número de pacientes graves; mudança do perfil epidemiológico do hospital por conta do atendimento de retaguarda; encaminhamento de pacientes pela regulação acima do limite hospitalar, grande parte deles chega como vaga zero, o que agrava a superlotação e sobrecarrega profissionais e também a demanda por insumos e medicamentos. Somado à isso, estão problemas anteriores, como as dívidas deixadas pelos interventores que se tornaram impagáveis; o sucateamento do hospital no período da intervenção, que vem exigindo constantes investimentos em equipamentos e reformas nos últimos anos e ainda está longe de ser resolvido; além da redução nos valores contratualizados com o poder público”, informou.
O Hospital explica que diante do cenário, os recursos financeiros foram se esgotando e, por isso, a compra de medicamentos e materiais foi priorizada, em detrimento do pagamento dos salários dos funcionários. Segundo a Santa Casa, entre o dia 1º de abril e o dia 31 de outubro, foram gastos R$ 25,5 milhões com materiais e medicamentos. O valor representa um aumento de gastos de 70% em comparação ao mesmo período do ano passado.
A instituição alega que tem cortado gastos, renegociado dívidas e até busca rediscutir o contrato com o SUS, mas ainda não há previsão para pagamento dos profissionais da saúde. “Não há como definir prazos pois a instituição é filantrópica e mais de 80% dos atendimentos são SUS”, disse.
A Santa Casa ainda frisa que os recursos recebidos pelo Governo Federal e por contrato temporário com o município estão sendo empregados nos setores relacionados à Covid-19 e ao atendimento de retaguarda. “Ou seja, os valores que foram enviados “a mais” em 2020, como os gestores da saúde têm informado ultimamente, se referem especificamente para a disponibilidade de 130 novos leitos na Unidade do Trauma (sendo 100 leitos de enfermaria, 20 de UTI e outros 10 UTI COVID), conforme contrato com o SUS”.
(matéria editada às 12h23 para incluir posicionamento da Santa Casa)
Fonte: Midiamax