Mandetta diz que Bolsonaro provocou dubiedade e contribuiu para agravamento da pandemia
Questionado se o ministério foi pressionado para tomar medidas contra as recomendações da OMS e se a postura do presidente Bolsonaro contribuíram para o agravamento da pandemia, Mandetta foi enfático e explicou sobre a falta de orientações únicas pelo governo.
“O ministério não foi pressionado. Ele foi confrontado publicamente e isso dava informações dúbias à sociedade. O ministério passava uma orientação e o presidente outra, então isso causou essa dubiedade. Sim, [o presidente contribuiu para agravar] em pandemia você tem que ter unidade. Esse vírus ataca tudo; economia, emprego, sistema de saúde para derrubá-lo tanto que outras pessoas ficam sem atendimento. A medicina ficou completamente dividida, Conselho de Medicina não consegue se pronunciar, as pessoas não seguiam as orientações e a SUS poderia ter feito mais. Poderíamos estar vacinando desde novembro passado.”
Mandetta afirmou também que a presidência da República nunca apresentou plano concreto de isolamento vertical.
Ignorou relatório
O ex-ministro disse que entregou um relatório a Jair Bolsonaro e disse que se não houvesse medidas o número de mortes seria de 180 mil pessoas. O presidente não recomentou nada para que houvesse diminuição das mortes, segundo Mandetta.
Mandetta disse que o cenário era feito através de variáveis e que constituiu três cenários com os números até dezembro de 2020. Um deles trazia números de 80 a 90 mil óbitos. Outro sem testagem, performance técnica e sem medidas sanitárias, em um pior cenário os números seriam de 180 mil.
“Levei e expliquei. Na época tínhamos menos de 20 mil óbitos. Mas tinham outros que faziam as suas previsões. Acho que o presidente entendeu que outras previsões eram mais apropriadas para aquele momento.”
Relações Exteriores
Mandetta pontuou também que os filhos do presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo dificultaram muito a compra de insumos da China por conta das críticas e acusações que o vírus era chinês.
“Eu tinha dificuldade com o ministro de relações exteriores, o filho do presidente [o deputado Eduardo] tinha rota de colisão com a China que era um país que eu precisava. Eu pedi uma reunião com o embaixador da China e pedi para trazê-lo, mas disseram ‘aqui não’. Aí fizemos as tratativas por telefone.”
Mandetta citou momentos em que o presidente chamava de ‘virus chinês’
“Aqui faziam-se esse tipo de conflito e eu não via a boa vontade. Dificultava muito.”
fonte: Conteúdo ms