Mais de 1,5 mil candidatos em MS receberam parcelas do auxílio emergencial
Na disputa por cargos políticos em diversos municípios de Mato Grosso do Sul, 1.555 candidatos têm nome inserido no cadastro do auxílio emergencial, concedido pelo Governo Federal em decorrência da crise econômica advinda da pandemia de covid-19.
A maior parte deles (1.520) concorre a cargos de vereador em todos os municípios do Estado. Mas 8 deles entram na disputa por prefeituras. Outros 27 concorrem a vice.
Os que são candidatos à prefeitura têm CPF (Cadastro de Pessoa Física) registrado no banco de dados da CGU (Controladoria Geral da União), o que não significa, necessariamente, que usufruíram do benefício, já que houveram diversas fraudes e depósitos indevidos relatados no programa.
Em Campo Grande, o candidato à prefeitura Thiago Carvalho Assad (PCO) é o único, conforme o Portal da Transparência do Governo Federal, com nome constando no benefício, recebendo parcelas de abril, maio, julho e agosto.
Entre candidatos a vice-prefeito da Capital, estão o Pastor Alvarenga (PV) e Val Eloy (PSOL). Alvarenga e Assad não possuem declaração de bens no sistema do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), enquanto Val declarou ter apenas uma casa de R$ 50 mil.
Candidatos a prefeito no interior – No interior, outros sete candidatos têm CPF no sistema e querem chefiar o Executivo nos municípios de Guia Lopes da Laguna, Terenos, Três Lagoas, Maracaju, Dourados, Bela Vista e Inocência.
Dois deles não têm bens declarados e outros três tem patrimônios com valores menores a R$ 50 mil, o que pode caracterizar que estão de acordo com normas estipuladas pelo governo para recebimento do auxílio.
Contudo, a exceção é Divino Freitas (Avante), candidato a prefeito em Três Lagoas que tem patrimônio de quase R$ 1,4 milhão e que recebeu parcelas de julho e agosto, conforme consta no Portal da Transparência.
Em contato com a reportagem do Campo Grande News, ele confirma o recebimento das parcelas e afirma que neste período passou por dificuldades, pois precisou fechar sua empresa de fabricação de lajes. “Inclusive tive que abrir outra. Estou reabrindo ainda”, comenta, destacando que se for necessário, tentará devolver a quantia.
Além dele, o pecuarista Antonio Angelo Garcia dos Santos, conhecido como Toninho da Cofapi (DEM), em Inocência, aparece com patrimônio de aproximadamente R$ 6 milhões e teve o nome relacionado na lista, mas devolveu parcelas à União.
Candidatos a vice – Candidato a vice por Bandeirantes, Dilson Nunes (PDT) tem pouco mais de R$ 2 milhões declarados à Justiça Eleitoral e nome registrado no benefício federal, com 1ª e 2ª parcelas nos meses de junho e agosto, respectivamente.
Dilson também foi procurado pela reportagem e confirmou o recebimento das parcelas. “Essa pandemia me deixou em uma situação complicada. Moro na chácara e cultivo mandioca, mas as vendas caíram 90%. Cadastrei para receber e até consultei advogado para saber se podia mesmo. Como fiquei nos parâmetros, peguei o valor”, justifica.
O levantamento incluiu, no total, 27 candidatos a vice-prefeito em 24 municípios de Mato Grosso do Sul. O gráfico abaixo mostra valor arredondado do patrimônio dos candidatos, com exceção dos de Campo Grande e Bandeirantes.
A maior parte dos bens são referentes a casas, terrenos e veículos no nome. Quase todos têm bens com valor menor a R$ 260 mil. Apenas um se destaca com R$ 560 mil.
Dados – Segundo levantamento do Campo Grande News, feito a partir de cruzamento de dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com os da CGU (Controladoria Geral da União), nenhum político eleito em Mato Grosso do Sul tem nome nos registros do mês de agosto. Mato Grosso do Sul, até agora, recebeu pouco mais de R$ 2,2 bilhões advindos do auxílio.
Nomes, CPFs, e demais informações sobre cada candidato no Estado podem ser conferidos no repositório de dados do Tribunal ou no portal DivulgaCand. Consultas individuais do benefício podem ser feitas no Portal da Transparência, mas planilhas completas se encontram neste link. (CAMPO GRANDE NEWS)