Juiz aceita denúncia e Ademir Santana vira réu com mais cinco por extorsão majorada

O juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, aceitou, nesta quarta-feira (25), a denúncia por extorsão majorada contra o vereador Ademir Santana (PSDB). Ele virou réu junto com os empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, acusados de chefiar grupo de extermínio, por extorquir uma fortuna do empresário José Carlos de Oliveira.

Além de serem condenados à pena de até 10 anos de reclusão em regime fechado, o PSDB, que acabou não se reelegendo vereador nas eleições deste ano, pode ser condenado a ressarcir a vítima em R$ 6,3 milhões, valor do prejuízo causado pela suposta organização criminosa ao longo de anos.

A denúncia contra o grupo foi feita no dia 19 de outubro deste ano por cinco promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado). Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na Operação Snow Ball, denominação da 5ª fase da Omertà.
Além de Santana e dos Names, o magistrado acatou a denúncia contra Benevides Cândido Pereira, Euzébio de Jesus Araújo, o Nego Bell, e o ex-guarda municipal Juanil Miranda Lima, que está foragido.

“Tenho que a denúncia preenche os requisitos previstos pelo art. 41 do Código de Processo Penal, eis que narrou de maneira satisfatória como ter-se-iam dado os fatos”, analisou o juiz. “Igualmente, presente a justa causa. Verifica-se a justa causa quando, demonstrada a materialidade delitiva, fazem-se presentes indícios suficientes da autoria delitiva”, concluiu, citando os boletins de ocorrência, laudos e provas juntadas ao inquérito.

 

“Não se pode deixar de observar que as vítimas, mesmo tendo perdido a própria casa e sido obrigadas a deixar a cidade, somente se dispuseram a dar conhecimento de tais fatos às autoridades após a prisão de JAMIL NAME, JAMIL NAME FILHO e de outros integrantes da organização criminosa no âmbito da OPERAÇÃO OMERTÀ”, descataram os promotores Gerson Eduardo de Araújo, Tiago Di Giulio Freire, Marcos Roberto Dietz, Thalys Franklyn de Souza e Pedro Arthur de Figueiredo.

“Ademais, não passou despercebido à Autoridade Policial que os cheques empregados pela vítima em toda a extensão dos fatos foram descontados ou trocados com pessoas físicas ou jurídicas que mantém estreitos vínculos ou negócios com a família NAME”, pontuaram. “Os cheques do empresário foram usados para comprar dois carros de luxo para Jamilzinho. Ele adquiriu duas BMW, uma M5 Sedan e outra M6 Gran Coupe, avaliados entre R$ 480 mil e R$ 515 mil.

Souza pegou três empréstimos com Name Filho, entre novembro de 2012 e outubro de 2013, que totalizaram R$ 280 mil. No início de 2015, o grupo criminoso levou o empresário até o QG do grupo, que era a casa de Jamil Name, e o obrigou a repassar terrenos avaliados em R$ 1 milhão. As ameaças foram feitas por meio de arma de fogo e um taco de beisebol com arame farpado.

O vereador teria participado quando os Names tomaram a casa de José Carlos e da esposa, Andréia Flávio de Souza. O imóvel foi usado como depósito do arsenal de guerra encontrado em poder do guarda municipal Marcelo Rios, preso desde maio do ano passado.

Em nota divulgada na ocasião da Operação Snow Ball, Ademir Santana disse que confia em Deus, no trabalho da polícia e da Justiça. “Nunca fui motorista (da família Name) e tampouco pratiquei os crimes que estão alegando”, afirmou. Na oportunidade, ele disse que estava a “disposição para qualquer esclarecimento e com a consciência limpa”.

Nas eleições deste ano, Santana foi o 9º candidato a vereador mais votado na Capital, ao conquistar 4.118 votos. No entanto, a ofensiva do Gaeco e do Garras contra o vereador não o prejudicou na campanha, já que obteve mais votos do que em 2016, quando conquistou 3.942 votos. No entanto, acabou não se reelegendo devido ao quociente eleitoral.

 

Por Edivaldo Bitencourt (O Jacaré)

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