Ibaneis sobre declarações de Bolsonaro: “Qualquer lapso de ação pode levar ao desastre”

ANA MARIA CAMPOS

Ibaneis Rocha (MDB) vestiu a carapuça das críticas do presidente Jair Bolsonaro aos governadores que têm adotado medidas radiciais para conter a disseminação do coronavírus e reagiu.

O governador do Distrito Federal afirmou ao Correio: “O que está em risco é a saúde da coletividade e os exemplos mundiais infelizmente demonstraram que qualquer lapso de ação pode levar ao desastre”.

 

Como os governadores do Rio, Wilson Witzel (PSC), e de São Paulo, João Doria (PSDB), Ibaneis disse que não está tratando a questão do coronavírus de forma política. Sua preocupação é evitar um cenário como o instalado em países da Europa, principalmente a Itália, que tem registrado números recordes de mortos em decorrência da Covid-19.

 

Veneno

Bolsonaro criticou ontem (19/03) pelas redes sociais as medidas adotadas pelos governadores relacionadas ao fechamento do comércio e escolas e vários atendimentos públicos à população. “Tem certos governadores, tenho que criticar de novo, que estão tomando medidas extremas, que não compete a eles, fechar aeroportos, fechar rodovias. Não compete a eles. Fechar shopping etc, está para fechar a Feira dos Nordestinos (Feira de São Cristovão) no Rio de Janeiro). Se o comércio para, o pessoal não tem o que comer. Em muitos casos, o vírus mata, sim, mas muitas mortes serão (de pessoas) sem comida. A pessoa com uma alimentação deficitária é mais propensa, ao pegar o vírus, a complicar sua situação sanitária, levando até a óbito. O remédio tem que ser proporcional, senão mata. Se qualquer um tomar remédio de mais, vira veneno”.

 

Política não se mistura com saúde 

Ibaneis analisou a posição de Bolsonaro: “É a visão dele. Ele, como nós, tem o direito de pensar diferente. Eu pessoalmente estou tratando do assunto sem politizar, até porque política não deve se misturar com problemas de saúde graves como esse”.

 

Quando Bolsonaro foi às ruas do último domingo (15/03) em Brasília, apertando as mãos dos manifestantes, medida condenada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Ibaneis evitou confronto. Não quis comentar.

 

Mas agora decidiu demonstrar sua contrariedade pela postura do presidente diante da pandemia. Bolsonaro chegou a dizer que o novo coronavírus era uma “fantasia” da imprensa.

 

Ontem, em meio à crise diplomática com o governo chinês, provocada pelas declarações do filho 03, deputado Eduardo Bolsonaro, Ibaneis indiretamente ficou do lado da China, ao pedir ao embaixador Yang Wanming ajuda para evitar mais contaminações no DF.

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