Ibaneis sobre Bolsonaro: incentivo desnecessário a guerra com governadores
Em entrevista ao programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — nesta sexta-feira (3/4), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), falou sobre as ações adotadas para combater o avanço dos casos da Covid-19 e os prejuízos causados pelo novo coronavírus.
Questionado sobre o comportamento do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) nas últimas semanas, o chefe do Buriti afirmou que não vai brigar com o presidente.
“Meu relacionamento com ele sempre foi muito respeitoso. E sempre digo o seguinte: para duas pessoas brigarem, as duas têm de querer. Ele não vai conseguir brigar comigo de modo algum. Estou consciente do meu papel como governador do Distrito Federal, de defender minha população, o povo do Distrito Federal e ele, inclusive”, ressaltou.
Em relação às consequências econômicas da pandemia para o setor produtivo, Ibaneis disse concordar com a preocupação de Bolsonaro, mas considera que o momento é de crise mundial. “Em um momento de crise mundial, principalmente nessa área da saúde, o que importa são as vidas das pessoas.”
Além disso, Ibaneis comentou que a política do DF depende da esfera federal, mas que os dois governos são parceiros e, por isso, a cooperação com Bolsonaro deve continuar.
“Já vimos o Brasil quebrar e se recuperar várias vezes. O que não se recuperam são vidas. Fico muito triste com o comportamento do presidente, incentivando essa guerra contra os governadores. É um incentivo desnecessário, porque nós somos parceiros. Sou hospedeiro do Governo Federal e de toda essa gama de pessoas que estão aqui e convivem em nossa cidade. Tenho a obrigação de cuidar da saúde coletiva da população, inclusive da do presidente da República”, observou Ibaneis.
Hospital de campanha
O governador afirmou ainda que as emendas dos deputados federais e senadores do DF chegaram nesta sexta-feira (3/4) aos cofres do Distrito Federal, totalizando R$ 70 milhões para custeio. O valor será usado para contratação de profissionais e compra de insumos.
Ele lembrou que, na quinta-feira (2/4), o GDF lançou edital para construção de um hospital de campanha no Estádio Nacional Mané Garrincha e mencionou que a unidade, com 200 leitos, deve ficar pronta em até 20 dias.
“Para nós, está dentro de uma lógica e de um tempo razoável, porque entre a segunda quinzena de abril e o início de maio é quando se prevê o pico da doença. No segundo andar do Mané Garrincha, temos condições de montar mais 200 (leitos), e a empresa estará preparada para isso”, detalhou Ibaneis.
Normalidade
O governo local também comprou 150 mil testes para detecção do novo coronavírus e planeja a aquisição de mais 150 mil. A previsão é de que, na segunda quinzena de maio, a testagem seja ampliada para garantir “segurança” na liberação das atividades produtivas. “Tudo está sendo testado e controlado para manter a saúde do Distrito Federal fora de um colapso.”
Ibaneis calcula que a flexibilização das atividades deve acontecer por volta da mesma época. “Muitos se sentem penalizados, e peço desculpas a todos os comerciantes, todas as indústrias, todos aqueles que estão passando por dificuldades. Mas isso está sendo necessário para que a cidade consiga voltar à normalidade no menor tempo possível”, completou o governador.