Governo não contabilizará mais total de mortos pela COVID-19 no Brasil e sugere óbitos manipulados

O presidente Jair Bolsonaro divulgou neste sábado (6) nota do Ministério da Saúde confirmando que os boletins da pasta só contabilizarão os mortos pela COVID-19 registrados nas últimas 24 horas

Além disso, os informes passarão a ser anunciados somente às 22h. O novo modelo começou a ser aplicado já na noite de sexta-feira (5). Na gestão de Luiz Henrique Mandetta e de Nelson Teich à frente do ministério os boletins eram divulgados mais cedo.

​Na sexta-feira (5), questionado por jornalistas sobre a demora na liberação dos dados, Bolsonaro respondeu: “Acabou matéria do Jornal Nacional”. O telejornal é exibido às 20h30, portanto não conseguirá mais divulgar os números atualizados da doença.

“A divulgação dos dados de 24 horas permite acompanhar a realidade do país neste momento e definir estratégias adequadas para o atendimento a população. A curva de casos mostram as situações como as cenários mais críticos, as reversões de quadros e a necessidade para preparação”, diz a nota citada pelo presidente neste sábado (6).

O governo mantém site para apresentar as estatísticas sobre a evolução do novo coronavírus no país, mas até a tarde de sábado (6) a página se encontrava fora do ar, com aviso que diz “portal em manutenção”.

“Ao acumular dados, além de não indicar que a maior parcela já não está com a doença, não retratam o momento do país. Outras ações estão em curso para melhorar a notificação dos casos e confirmação diagnóstica”, continua a nota do ministério.

‘Fantasiosos e manipulados’

Em entrevista publicada na sexta-feira (5) para a coluna de Bela Megale, de O Globo, Carlos Wizard, que embora ainda não tenha assumido a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, já despacha na pasta, disse que os dados atuais da doença seriam “fantasiosos e manipulados”.

Ele afirmou ainda que o total de óbitos seria revisto, embora não tenha explicado como.

“Tinha muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como COVID. Estamos revendo esses óbitos” afirmou.

‘Não vamos desenterrar mortos’

No entanto, em entrevista para a Folha de S.Paulo publicada nesta sábado (6), Wizard negou que haveria uma recontagem de mortos pela COVID-19, mas disse que os critérios para contabilizar os óbitos seriam modificados.

“Vamos rever os critérios com que estão sendo contabilizados os dados. Não é rever o passado, não vamos desenterrar mortos”, disse.

O Brasil registra até o momento 645.771 casos da COVID-19 e 35.026 mortes, só atrás de Estados Unidos e Reino Unido em número de óbitos.

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