Geoglifos milenares são destruídos por corridas de motos e veículos no Deserto do Atacama, no Chile
Há mais de mil anos, civilizações que viveram na América do Sul deixaram evidências de sua existência no norte do Chile. Sobre a areia dura do Deserto do Atacama, elas desenharam enormes figuras de pessoas, animais e objetos, que de tão grandes – algumas medem 30 metros -, podem ser avistadas do céu. Durante os últimos séculos os geoglifos de Alto Barranco, em Tarapacá, foram mantidos preservados, graças às condições climáticas dessa zona árida. Mas agora esses monumentos que contam parte da história da humanidade estão ameaçados de desaparecer.
A denúncia foi feita pela Fundación Desierto de Atacama, que compartilhou imagens chocantes feitas com drones em suas redes sociais, que mostram a destruição dos geoglifos pelas marcas de pneus deixadas por motos e veículos 4×4 que participam de corridas e expedições no Atacama. “Onde você deixa sua marca é uma decisão sua. Mas não faça isso nos geoglifos. Não sobre a história desta terra”, ressalta a fundação.
A organização critica ainda a falta de ação do governo do Chile para preservar os geoglifos. Muitas dessas corridas teriam autorização oficial de órgãos públicos para serem realizadas, como o Rally de Atacama. Os organizadores do evento, contudo, negam que o trajeto passe sobre os desenhos.
Depois da denúncia, a ministra dos Bens Nacionais do Chile, Marcela Sandoval, se pronunciou sobre o vandalismo aos geoglifos e anunciou que tomará ações judiciais contra os criminosos. Dano a monumentos nacionais é considerado crime no país.
“Os geoglifos de Alto Barranco têm valor arqueológico e são um Monumento Nacional para todos os chilenos. As imagens que recebemos refletem vandalizações, danos no patrimônio arqueológico, histórico e cultural e procuramos, nesta fiscalização no terreno, provas que nos permitam atuar junto do Conselho de Defesa do Estado, que é o órgão que nos representa diante de acontecimentos como este”, afirmou a ministra, que esteve no local.
Apesar da resposta do governo, sabe-se, entretanto, que dificilmente será possível encontrar os responsáveis pelo dano que já está feito e não pode ser revertido. Historiados acreditam que os geoglifos eram utilizados por povos ancestrais para guiar a rota de viajantes em caravanas e para indicar a presença de água ou, locais de cultos e ritos mágicos.