Exército de 25 deputados aguarda ordem de Bolsonaro para definir partido

O destino político de cerca de 25 deputados federais entrou nos últimos dias nos cálculos eleitorais de Jair Bolsonaro, que há quase dois anos procura um partido para chamar de seu. O exército de bolsonaristas, originalmente filiado ao PSL e ao DEM, está abrigado no recém-lançado União Brasil, resultado da fusão das duas siglas de centro-direita, mas também está a postos para se filiar onde o ex-capitão considerar mais conveniente. Pode inclusive manter parte da tropa dentro do próprio União como uma espécie de trincheira pró-presidente no maior partido do país. “A definição para qual partido o presidente irá vai influenciar a nossa decisão”, resume o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO).

A ideia é que boa parte dos parlamentares migre para a agremiação a que Bolsonaro se filiar. Na hipótese de ele confirmar seu ingresso no Progressistas, dos caciques Ciro Nogueira (Casa Civil) e Arthur Lira (presidente da Câmara dos Deputados), há articulações, por exemplo, para que alguns deputados sejam deslocados para outras legendas aliadas, como o PTB, do mensaleiro Roberto Jefferson. Uma terceira frente de negociações ainda envolve, a partir da definição de palanques regionais, manter bolsonaristas de carteirinha à frente de postos-chave do União Brasil em estados estratégicos e ligados ao agronegócio, pilar de apoio do presidente na campanha de 2022.


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Este último caso pode ser exemplificado com as candidaturas do ministro do Trabalho Onyx Lorenzoni ao governo do Rio Grande do Sul, da chefe da Agricultura Tereza Cristina a uma vaga ao Senado por Mato Grosso do Sul e com a pressão que aliados bolsonaristas, entre os quais evangélicos do Rio de Janeiro, fazem para ter ascendência sobre o comando local do União. Interlocutores do secretário-geral do União Brasil, ACM Neto, afirmam que, diante de realidades regionais e alianças naturais em palanques nos estados, não é possível criar uma ditadura de apoio ao eventual candidato que o partido eventualmente lançará à Presidência da República. Traições esporádicas seriam aceitas, por exemplo, entre correligionários do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, forte base do agronegócio, e entre os gaúchos por causa de Lorenzoni.

“No início os dirigentes alegavam que cada estado poderia ficar independente e poderia escolher quem quisesse apoiar, mas se eles optarem por um candidato de terceira via, como vou apoiar o Bolsonaro? Por isso vou para o partido que vai estar o presidente ou outro, se ele achar que é bom nos dividir com outros partidos aliados”, diz o deputado Bibo Nunes (PSL-RS). “Se o partido apoiasse Bolsonaro, para mim seria o melhor dos mundos porque meu eleitorado é majoritariamente bolsonarista e evangélico”, completa Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), que ameaça deixar o novo União Brasil se um desafeto for agraciado com o comando da sigla em território fluminense.

 

 

veia.com

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