Ex-Barcelona, Edmílson critica comportamento de Neymar fora de campo e conta como virou dono de time

Campeão do mundo com a seleção brasileira em 2002 e com passagem vitoriosa pelo Barcelona, Edmílson é presidente do Futebol Clube Ska Brasil, clube-empresa que disputa a Série B (a quarta divisão) do Campeonato Paulista.

A ideia do ex-zagueiro e volante de XV de Jaú, São PauloLyonVillarrealPalmeiras, Zaragoza e Ceará é formar jogadores para grandes clubes brasileiros e internacionais. Mas a preocupação vai além das quatro linhas. O exemplo negativo que o ex-atleta vê atualmente é justamente aquele que é referência técnica: Neymar.

“Nosso maior ídolo, que é mais a raiz do futebol brasileiro, é o Neymar. Ele é um craque dentro de campo, mas ele toma umas atitudes fora de campo que prejudicam a imagem do jogador e do futebol brasileiro. Ele é um cara fora de série, não existe hoje no mercado mundial um jogador com tanto repertório de dribles, improvisação e enfrentamento como ele. Só que não está completo. Ele poderia jogar 10 anos como melhor do mundo com o pé nas costas. Em repertório de dribles ele é superior até a Messi e Cristiano Ronaldo, mas não tem esse equilibro como profissional do futebol”, disse, ao ESPN.com.br.

Para o ex-jogador, o astro do PSG 'não tem equilíbrio educacional como profissional do futebol'© Fornecido por ESPN

Para o ex-jogador, o astro do PSG ‘não tem…

Edmílson diz que a ideia é resgatar a essência dos jogadores de futebol.

“A gente tem uma visão de fábrica para fornecer jogadores diferentes para o Brasil e para o mundo. O Brasil só pensa em vender o jogador de 10 milhões de euros para a Europa, mas tem outros mercados, como México, Ásia e leste europeu. Nós temos formado no Brasil jogadores ruins. Queremos ajudar a ter respeito no cenário mundial dentro e fora de campo”.

O Ska Brasil tem um centro de treinamento em Santana de Parnaíba, mas manda os jogos no estádio José Liberatti, em Osasco, também no Estado de Sâo Paulo.

“Fizemos uma aliança com o antigo Osasco FC e contratamos uma escola para colocar tudo o que tínhamos na cabeça. É como entrar numa universidade e saber o que será aplicado nos anos. O menino que entra num clube do Brasil não sabe o que irá fazer até chegar ao sub-20. Se der resultado, serve; se não der, está fora”.

Ritmo da Jamaica

O nome do clube é derivado de um ritmo musical jamaicano.

“A gente tem sócios e uma parceria com um grupo japonês chamado Skylight. Queríamos colocar Sky Brasil, mas teríamos problemas com nome. O Ska é um ritmo jamaicano que combina com os três eixos do nosso time: improviso, criatividade e enfrentamento. Isso ajuda a mostrar que o jogador brasileiro sempre foi diferente porque tem o ‘um contra um’ muito forte e consegue improvisar em uma situação difícil no jogo”.

O treinador do time é Leandro Mehlich, que passou pela base de Santos e Corinthians.

“A gente tem o nosso modelo de jogo que é adotado do sub-7 até o sub-23. Tenho todo currículo educacional e o que o garoto irá fazer desde o primeiro dia até o final do ano. Vejo que muitos treinadores de base hoje em dia só querem se promover e não formar jogadores. Fazer futebol no Brasil é caro e precisa ter planejamento nos gastos para obter resultados”.

“Nosso método de trabalho é único. Não existe clube sem planejamento. A gente estuda gestão e contrata pessoas que tenham identidade e o perfil do que buscamos. Não quero inventar moda, mas dá para fazer algo diferente dentro da nossa cultura”.

O time de Edmílson está no Grupo 7, ao lado de Barcelona-SP, Mauá, Jabaquara e Mauaense. Depois de duas derrotas nas primeiras rodadas, a equipe venceu o primeiro jogo de sua história, ao bater o Barcelona por 7 a 0.

“A ideia é ter essa paciência para crescermos. Visamos a formação de atletas antes do resultado. Não tínhamos a ideia de ir para o profissional esse ano, mas devido à pandemia, como não teremos a base, a gente começou a atuar na Série B do Paulista”, explica.

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