Estudantes e professores do Curso de Engenharia Civil visitam obras da principal ponte da Rota Bioceânica

Um grupo de três professores e 19 estudantes do último semestre do Curso de Engenharia Civil, da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia, visitaram, no último fim de semana, as obras de construção da principal ponte da Rota Bioceânica sobre o Rio Paraguai, localizada entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (Paraguai). A atividade integra atividades da disciplina Pontes de Concreto e as ações do projeto de extensão Engenharia para todos.

Imagens capturadas por drone: Danilo Serra Santos

“O principal objetivo foi visualizar in loco as dimensões e métodos construtivos utilizados em uma obra com essa magnitude. Com isso, fica mais fácil a compreensão das hipóteses de projetos e o comportamento estrutural idealizado. Também contribui na motivação com a disciplina de Pontes de Concreto. Essa ponte será um dos maiores vãos livres construídos no Brasil”, explicou o professor Andrés Batista Cheung, responsável pela disciplina.

Foto: Acervo do grupo

Trata-se de uma ponte estaiada, com 1.294 metros de comprimento e vão central de 350 metros. Esse tipo de ponte possui vários cabos fixados nos pilares, normalmente simetria, para segurar uma seção anexa ao pilar. Segundo o professor Andrés, durante a visita, os estudantes tiveram a oportunidade de observar as etapas construtivas da ponte estaiada com grande vão livre, que é uma das principais obras de engenharia não apenas do Estado de Mato Grosso do Sul, mas também do Brasil e do Paraguai.

Os professores Sidiclei Formagini e Giovanni Pais Pellizzer também participaram da atividade. “Foi muito importante visitar a maior obra de construção de uma ponte atualmente no Brasil. Ela está em fase de execução, já foi feita toda a parte de fundações e, agora, a equipe está trabalhando nos pórticos que receberão as vigas e as lajes por onde passarão os veículos”, destacou o professor Sidiclei.

De acordo com Formagini, os estudantes puderam acompanharam toda a logística do canteiro de obras: como está o fluxo de materiais; a usina de concreto; o depósito onde são feitas algumas peças pré-fabricadas; a concretagem de alguns elementos estruturais, como vigas de sustentação de todo o tabuleiro da ponte; e o processo construtivo de concretagem dos pilares, entre eles um pórtico com aproximadamente 140 metros de altura, no qual serão presos todos os cabos de sustentação do tabuleiro da ponte no vão principal, que é sobre o Rio Paraguai.

“Visitas técnicas a obras dessa grandeza e complexidade despertam nos estudantes um sentimento de responsabilidade frente aos conhecimentos, habilidades e atitudes que eles desenvolvem ao longo de sua formação acadêmica”, acrescentou o professor Giovanni. “Para nós professores, também foi bastante importante, pois pudemos presenciar o processo construtivo de uma obra incomum em nosso Estado. Fizemos muitos registros audiovisuais da visita e falamos com os engenheiros, que explicaram para todo o grupo o processo de construção, material utilizado e, melhor ainda, os estudantes também puderam perguntar e tiveram todas as dúvidas bem esclarecidas pela equipe de profissionais do consórcio”, salientou Sidiclei.

Entre os profissionais do consórcio Pybra que acompanharam o grupo está o engenheiro Roberto Ragazzini Ferreira. “Ouvir relatos dos desafios em termos de gestão de pessoas e testemunhar um pouco da rotina de um grande canteiro de obras é uma experiência irreproduzível em sala de aula e que contribui fortemente para uma visão mais humana da aplicabilidade e impacto da engenharia civil”, destacou o professor Giovanni

“Tudo que os estudantes viram na teoria, puderam vivenciar na prática em uma escala muito maior do que seria possível imaginar em uma sala de aula ou laboratório. Na visita foi possível ver o quanto de complexidade existe em uma obra desse porte. Os estudantes também levaram drones e fizeram imagens aéreas para que pudéssemos discutir entre o grupo”, ressaltou Sidiclei.

A visita, na opinião do professor, serviu também para validar a formação dos futuros profissionais. “Nossos estudantes chegaram lá e questionaram bastante os profissionais, isso demonstra que eles estão tendo uma formação muito boa, fazendo perguntas coerentes e difíceis de responder. Ficamos muito felizes, pois vimos que estamos dando uma formação muito boa para eles”, comentou Formagini.

A estudante Denise Ferreira avaliou de forma bastante positiva a experiência. “Foi uma experiência muito interessante do ponto de vista da interação entre Brasil e Paraguai, devido às diferenças existentes entre as normativas dos dois países. Apesar de todas as divergências, os engenheiros e profissionais dos dois países vêm tocando a obra de forma muito interessante. Além, claro, da nossa recepção aqui, que foi muito boa”, disse. “São poucas as oportunidades que temos de visitar uma obra desse tamanho. Temos que aproveitar essa chance para ver até onde podemos chegar”, avaliou o estudante Pedro Pegoraro Genova.

Para o estudante Ricardo de Oliveira Campos, a visita colabora muito para a formação. “É muito legal ver os conhecimentos teóricos ensinados em sala de aula de forma prática. Às vezes também outras formas diferentes, adaptadas e aplicadas pelos engenheiros aqui na obra”, comenta. Os estudantes que participaram da atividade produziram materiais de divulgação apresentados aos colegas que não puderam ir.

Rota Bioceânica – Trata-se de um corredor rodoviário com extensão de 2.396 quilômetros, ligando os dois maiores oceanos do planeta, do Atlântico ao Pacífico pelos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, passando por Paraguai e Argentina.

Após concluída, a Rota vai reduzir em 17 dias o transporte para Ásia e Oceania, representará uma alternativa ao Porto de Santos (SP), encurtando distância e tempo para as exportações e importações brasileiras entre mercados potenciais na Ásia, Oceania e costa oeste dos Estados Unidos, também vai permitir maior integração da América do Sul com os quatro países integrantes da rota Bioceânica (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile), e, deve transformar Mato Grosso do Sul em um hub logístico, um centro de distribuição de mercadorias.

 

 

Fonte: UFMS |Vanessa Amin

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