Escândalo! Propina a servidor da SES era tanta que esgotou caixa de posto de combustíveis
No epicentro de um escândalo de corrupção, o servidor Thiago Haruo Mishima, encarregado da gestão do contrato entre a Isomed Diagnósticos e a Secretaria de Estado de Saúde (SES), protagonizou um enredo financeiro digno de trama policial. Em 2022, suas critérios por propina se tornaram tão avassaladoras que o administrador da Isomed se viu esvaziando a caixa da empresa, desencadeando uma série de transações suspeitas.
Segundo apurações do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MP-MS), as transferências de valores, realizadas em dinheiro vivo e por meio bancário, totalizaram pelo menos R$ 304,9 mil. Durante as reuniões, a quantia em dinheiro entregue a Mishima atingiu a marca de R$ 96 mil, levantando suspeitas de práticas ilícitas.
A Operação Turn Off, deflagrada na quarta-feira (29), resultou na prisão de oito pessoas, incluindo Mishima, que posteriormente foi libertada mediante uso de tornozeleira eletrônica. As investigações, conduzidas em colaboração com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), também abrangem fraudes em contratos da Secretaria Estadual de Educação (SED).
O Ministério Público sustenta, em relatório emitido neste ano, que há fortes apelos de favorecimento à Isomed no pregão eletrônico n. 0027/2022, resultando em um contrato de R$ 12,1 milhões para atender às demandas da SES. Coincidentemente, quinze dias após a formalização do contrato, iniciaram-se as suspeitas tratativas e pagamentos de propina, conforme revelaram as mensagens por Whatsapp.
Thiago Mishima, nomeado em 2015 para o cargo de Assessor Especial na SES, com salário de R$ 17 mil, foi nomeado em 2021 como Gestor dos Contratos do Estado de Mato Grosso do Sul.
O pagamento de propina, sempre realizado em um ponto específico no bairro “Carandá” de Campo Grande, conforme indicado nas mensagens, levanta questões sobre a extensão do esquema corrompido. O sócio majoritário da Isomed, Sérgio Duarte Coutinho Júnior, trocou mensagens com Mishima, solicitando valores em espécie ao gerente de um posto de combustíveis, fornecendo uma trama financeira complexa.
Imagem de conversas de Whatsapp que faz parte de relatório do MP-MS.
As mensagens por Whatsapp, embora não evidenciem pagamentos em dinheiro a Mishima, sugerem que a cada reunião agendada, o empresário buscava recursos financeiros com seu funcionário.
A redução do fluxo de dinheiro físico no posto de combustível teria levado os envolvidos a realizar pagamentos de propina através de uma empresa de publicidade. Transferências bancárias totalizando R$ 108,9 mil foram efetuadas para a D. R Comunicação Ltda, empresa do ramo, apontando para uma tentativa de camuflar os repasses ilícitos.
O advogado de Mishima, Antony Martines, defende a inocência de seu cliente, argumentando que, no período em que o MP aponta os pagamentos de propina, Mishima já não exercia a função de gestor de contrato e não estava vinculado a nenhum órgão público.
O desdobramento das investigações promete revelar mais detalhes sobre o esquema de corrupção que abalou a saúde pública em Mato Grosso do Sul.
Com informações do Campo Grande News
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