Além de problemas sociais, em razão de uma grande concentração de dependentes químicos na região, a segurança e os imóveis abandonados também são fatores citados pela moradora.
“Em menos de um ano, tivemos cinco mortes aqui na região, de briga de usuários e um estudante que foi morto por causa de um celular. Os imóveis são abandonados porque a região está desvalorizada e ninguém quer investir aqui, com isso, os dependentes químicos invadem e destroem tudo”, relatou Rosane.
A moradora informou ao Correio do Estado que os moradores e os comerciantes do bairro fizeram um abaixo-assinado para chamar a atenção do poder público e cobrar da prefeitura providências sobre a situação da região.
“A região precisa de atenção urgente da segurança pública, da saúde e da assistência social, em razão das condições preocupantes de pessoas em situação de rua e dependentes químicos que ocupam o prédio [da antiga rodoviária] e a região”, disse Rosane, justificando o abaixo-assinado, que tem 141 assinaturas.
Segundo Rosane Nely Lima, a região está abandonada há mais de 10 anos, desde quando o terminal rodoviário foi mudado de local. A moradora comenta que não vê ninguém trabalhando na obra e que a vereadora Luiza Ribeiro (PT) chegou a fazer um requerimento pedindo explicações.
O Correio do Estado tentou contato com a NXS Engenharia Eireli, empreiteira responsável pela obra, mas não foi atendido.
O PROJETO
No dia 1º de julho do ano passado, a prefeita Adriane Lopes (Patriota) assinou a ordem de serviço para o início das obras.
A revitalização está sendo feita nas dependências que pertencem ao setor público, não incluindo os espaços e salas privadas, e inclui a construção de um prédio de dois pavimentos de 1.070 metros quadrados para a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e a Fundação Social do Trabalho de Campo Grande (Funsat).
O projeto prevê também que o espaço será adaptado para ser um corredor de acesso à galeria e ao edifício público, transformado em um grande calçadão com jardins contemplativos.
De acordo com a prefeitura, a proposta arquitetônica propõe a reabertura das duas claraboias do projeto original, que foram fechadas ao longo dos últimos anos, prejudicando a iluminação e a ventilação do prédio.
O antigo ponto de ônibus será transformado em área de estacionamento no horário comercial, o piso será nivelado para se tornar um grande platô, e espaço multiúso para eventos.
Uma outra solução urbanística serão as calçadas alargadas, faixas de pedestres elevadas e uma fachada moderna.
Os jardins verticais previstos, além de serem um componente estético da fachada, vão melhorar o isolamento térmico. Essa iniciativa visa reduzir gastos com energia, já que menos refrigeração será necessária no local.
De acordo com a prefeita, o prédio, que está inutilizado desde 2009, seria entregue reformado neste ano, antes do aniversário de Campo Grande.
Porém, em dezembro do ano passado, com o ritmo lento das obras, o antigo titular da Sisep Rudi Fioresi reconheceu o atraso e afirmou que a revitalização continuava no cronograma inicial.
Na época, Fioresi comentou que o atraso teria ocorrido em razão da necessidade de revisão de detalhes do projeto, mas não esclareceu quais, apenas disse que concerniam à estrutura e à cobertura do local.
A Sisep não respondeu ao Correio do Estado se o prazo das obras continua o mesmo.
FINANCIAMENTO
Segundo o portal +Obras da prefeitura, a revitalização da antiga rodoviária deve custar R$ 16.598.808,77. No entanto, em oito meses, já foram gastos R$ 924.759,78, com um avanço de apenas 6% do total.
Do valor total para a realização da reforma, o Ministério do Desenvolvimento Regional será responsável por repassar R$ 15,3 milhões, por meio de emenda da bancada federal. Já a prefeitura dará a contrapartida de R$ 1,2 milhão.
Saiba: A petição criada por moradores e comerciantes do Bairro Amambaí pode ser encontrada no site secure.avaaz.org, intitulada “Abaixo-assinado contra a violência na região da antiga rodoviária”.